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13
jan
2015

Verão insuportável

grafite rua vergueiro, junho 2014

A cada manhã de céu azul, o paulistano já sabe: leva galocha e guarda-chuva (bote inflável, se disponível) porque à tarde vem enxurrada. No Facebook, a reclamação: acabou a luz à noite, somos derretidos pelo calor e atacados pelos pernilongos. A cada caminhada, o sol cobra muito suor, exaustão. E o mau humor, esse horroroso, invade todo mundo que não tem ar condicionado à disposição.

Sampa já foi, num passado não muito longínquo, a terra da garoa. Perdeu. Agora é a terra da seca e da falta de água. O que surpreende na história toda é a falta de consciência de que o problema somos nós. Nem tanto pelo uso intensivo de energia elétrica e sim pelo furor em cortar as árvores.

A cada tempestade, os números vêm: caíram 273 de uma vez só em dezembro. Dia 12 de janeiro, mais 70 – e 800 mil pessoas sem luz, internet, telefone. A Prefeitura de SP informa: recebeu 66 mil pedidos de poda/cuidados com árvores. Atendeu 12 mil.

E assim segue o verão – derrubando as poucas árvores que dão sombra aos pobres mortais. A cada queda, o que se contabiliza? Energia elétrica não é fornecida, carros destruídos.

E a gente segue vivendo mal, embaixo de sol abrasador, com temperaturas pra lá de alteradas. Nos gabinetes, ar condicionado. No carro, ar condicionado. O metrô, esse lindo, nas linhas mais novas: ar condicionado (fuja das linhas azul e vermelha, que costumam ficar com os carros mais antigos e sem ar condicionado que preste). Ônibus com ar condicionado? Já temos 20! Olha só que avanço! É o progresso, gente!

Só que não.

Meu sonho de cidade: calçadas sombreadas por árvores frondosas, várias delas frutíferas. Fios para baixo da terra – o que vai melhorar muito a perda das concessionárias em caso de tempestade, imagino. É um sonho, uma utopia impraticável.

No apartamento de face sul, que deveria ser frio, faz calor. Muito calor. O telefone para de funcionar. A internet cai, às vezes junto com a energia elétrica, às vezes por conta da falta dela em outros lugares. O trabalho não rende. E você suspira de alívio quando conseguiu salvar o pedaço de trabalho que já tinha feito!

Lembra o bom humor da primeira semana do ano? Virou isso: lembrança. Porque é preciso muito acontecimento bom pra você dar conta de ter bom humor nessas condições de temperatura e vida.

Enquanto isso, na caixa de entrada, a Prefeitura (esta mesma que não cuidou das árvores) está ali cobrando imposto de duas empresas que não estão neste endereço há mais de década! 2015 promete – olho vivo no impostômetro…

 

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