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07
mar
2008

Sociedade do descartável: repensando a vida

Preto e vermelho

(post inspirado pelo ótimo artigo da Ágatha no Faça a Sua Parte)

Dia 15 de março é dia do consumidor. E semana que vem seremos o centro do noticiário. Enquanto o Greenpeace promove atividades nas principais cidades brasileiras – e nosso Escriba de plantão está em Amsterdã – vamos aproveitar para repensar os hábitos de consumo?

O descartável surgiu por uma pressão econômica: fazer dinheiro. Quanto mais rápido a gente troca algo, mais o dinheiro circula. Esta é uma das premissas de uma determinada fase do capitalismo – que a Ágatha mostra bem no seu post. A história aqui é: você realmente precisa de algo novo?

Eu fico impressionada com a rapidez que a gente consome novos gadgets (eu não sosseguei enquanto não arranjei um smartphone pra chamar de meu). E com a voracidade para novas roupas, outras cores, maquiagem. No supermercado, rola um atordoamento: são zilhões de produtos de limpeza (que fazem praticamente a mesma coisa), a cada mês novos cheiros, cores. Para completar, filmes bacanas e páginas de anúncios tratam de nos encantar.

A história é gigante – e até hoje moveu o mundo. E a gente sabe que, do jeito que está consome mesmo 2 planetas e tanto para manter esta produção toda no ar. Pior: exclui milhões de pessoas da categoria dignidade. Do jeito que está não dá, mas é difícil abrir mão de algumas coisas, né?

Um exemplo claríssimo para mim é a história do carro. Todo dia em Sampa temos centenas de quilômetros de congestionamento. A melhor época do ano, por aqui, é janeiro, quando os paulistanos se divertem atormentando ruas mais praianas, digamos. A cidade é gigante, não há rua pra tanto carro. Os bons apartamentos, mais velhos e espaçosos, são depreciados porque… têm apenas uma vaga de garagem (o meu não tem nenhuma… o preço vai pro pé). E para completar, todo mundo quer ter o seu.

Por que? Há casos em que carro é bacana, necessário, importante. Famílias com crianças, por exemplo, eu acho que têm preferência. Quem mora muito longe, também. Mas a minha vida melhorou sensivelmente na ausência do carro. Como diziam os cartazes da Edelman, ônibus é 2.0 (e eu gosto desta brincadeira).

Sem carro, eu preciso ser mais frágil, mais humana. Tenho que me preocupar com o horário do ônibus, do metrô, do táxi. Atentar para a segurança, o estado das calçadas – e cuidar do espaço público. Pensar se haverá almas caridosas para dar uma carona para ir e/ou voltar da festa, bar, encontro. E ganho uma legião de amigos que cuidam de mim, conversas saborosas, histórias divertidas.

Não vale para todos, eu sei. Mas vejam, depois que começamos a falar mal das sacolas de plástico, a usar sacolas de verdade para ir às compras, a escrever sobre isso, a mudança apareceu. Até sacola chique de compra já tem (custa um dinheirão…). Não importa. Importante é: menos sacola de plástico – e muitos formadores de opinião que preferem sacolas perpétuas.. Será que escolho os carros para próximo alvo? Estou pensando nisso… à beira de mais um dia da mulher (que tem postagem coletiva contra a mulher “vendida” em nome do Brasil).

Foto: Craig Jewell/SXC

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