Para lançar o filme sobre o pânico que tomou São Paulo durante os ataques do PCC – que deixaram marcas até hoje nos policiais da cidade – está no ar o Salve Geral, um agregador de posts, twitts, vídeos e fotos que levam a gente àquele dia de loucura coletiva. Quem usar a tag hatrêsanos ou hátrês anos, cai lá na página. O Inagaki fez um post maravilhoso sensacional espetacular falando da onda de violência que assolou e paralisou de medo a cidade que nunca tinha parado. Achei que tinha registrado isso em algum canto – mas não o fiz. Impossível esquecer a Oscar Freire, às 15h30, com lojas fechando. No dia 15 de maio de 2006, levei mais de uma hora para fazer (de carro) o trajeto de seis quadras – cerca de 600 metros – entre motoristas apavorados, gente que queria literalmente sumir.
Depois do evento, a vida nunca voltou ao normal. Chamadas para o 190 feitas de celulares muitas vezes não eram atendidas nos meses que se seguiram. Houve uma ocorrência, certa vez – junho, talvez – na frente de casa e o telefone de emergência simplesmente não atendeu o meu celular. Sorte que estava em frente de casa e pude telefonar do fixo… Só que a maioria dos mais pobres – e, portanto, desprotegidos – só tem seus pré-pagos como meio de comunicação. Como chamar socorro?
Um conhecido, que na época estava na Academia de Polícia em treinamento contou: “Só saímos em grupo. Sempre há um oficial armado que nos acompanha. Estamos proibidos de ir à esquina para comprar um lanche com o uniforme. A mesma coisa vale para ir e voltar para casa. Não podemos dar bandeira”. Três anos. Milhares de mortes aconteceram em São Paulo desde então.
Até a Time já escreveu sobre o Salve Geral… Quando a polícia apavora, a população faz o quê? Some dos espaços públicos. A Dani Silva escreveu que diz tudo o que eu tenho a dizer lá no Trezentos. O espaço público, cá entre nós, é responsabilidade NOSSA. Não dá pra deixar aos cuidados do presidente, do governador, do chefe de polícia ou de quem quer que seja.
Enquanto a gente continuar passivo, esperando o grande “estado paternalista” cuidar da gente, estaremos perdidos. Já já eu publico um texto que está no rascunho desde o lançamento do Ponto Quarenta, do Roger… Ainda tem um tanto de elaboração para ser feita. De toda forma, deixo com vocês uma pergunta:
O que nós, cidadãos, podemos fazer para melhorar a segurança?
Enquanto pensa nisso, acompanhe o Salve Geral e veja as reações.