Ladybug Brasil
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Eu tive o prazer de inaugurar as transmissões participativas do Roda Viva. Em maio, fui ao estúdio com Pedro Dória e Trecker para twittar o programa, que tinha o Miguel Jorge no centro das atenções.
O modelo mudou, se transformou. Hoje, a página transmite, para quem quiser ver: o programa, câmara de bastidores e câmara do Paulo Caruso (onde a gente vê todas as maravilhas que saem dos cadernos). Tem um chat para quem quer palpitar com direito a enquetes e votação nas perguntas que a repórter Lia faz ao entrevistado. Streaming do Twitter e do Flickr completam o cenário on-line.
Detalhe: tudo produzido com ferramentas gratuitas. O Chat é CoveritLive, APIs do Twitter e do Flickr também são liberadíssimas. E durante a semana seguinte, fica tudo disponível lá na página.
Vi a Cultura lançar o Memória Roda Viva, um arquivo on-line, aberto, que reúne entrevistas importantes, com transcrição e tudo. E estender a experiência lindamente durante a Semana dos Direitos Humanos, no começo deste mês.
Experiências bacanas, que abrem as portas para os telespectadores registrarem pensamentos e, de alguma forma, participarem dos conteúdos que recebem em suas casas/telinhas.
Os jornalistas, ah…
Mas o Roda Viva, ao fim e ao cabo, é feito mesmo pelos jornalistas convidados para a entrevista. E aí é que a porca torce o rabicó. Em todos os programas se ouve no twitter: pergunta isso… pergunta aquilo… e este detalhe aqui? Voam links, sobram críticas.
E no último programa do ano, com o delegado Protógenes Queiroz, (aproveitem, o vídeo dos bastidores está no ar) uma das comentaristas no chat deixou clara a sensação geral:
não foi uma excelente entrevista, simplesmente porque os entrevistadores não souberam perguntar, muito menos ouvir a resposta. e de entrevista onde só entrevistador fala, já basta programa do Jô Soares
Ao longo do tempo, amadureci o que penso sobre os jornalistas (especificamente no Roda Viva):
– Os entrevistadores não se preparam para as entrevistas. Ficam no óbvio e desperdiçam ótimas oportunidades de produzir conteúdo.
– Não há espírito de equipe, nem colaboração, entre os jornalistas. Eles esquecem que estão produzindo informação para telespectadores e ficam só no que lhes interessa. Pior: muitas vezes os egos se sobressaem e a gente vê um querendo aparecer mais que o outro.
Eu já tinha escrito lá no primeiro post sobre a história:
A minha crítica continua a mesma de sempre: os jornalistas que vão lá tendem a se afirmar mais que prestar serviço ao telespectador. Raras exceções, não colocam sua expertise a favor da audiência.
Na minha opinião, os jornalistas não vão mudar em um milímetro suas atitudes. Primeiro, porque programa ao vivo não é fácil e nunca será. Dá nervoso e tremedeira, sim. Segundo porque não existe ainda um jeito de esquecer o ego, como todo blogueiro bem sabe. Terceiro, porque aprenderam a fazer assim e continuarão fazendo o que sempre funcionou.
Então não adianta esbravejar, xingar, resmungar. O jornalismo é assim e não tem intenção de mudar – apesar da “crise”. E os grandes meios serão, ainda por algum tempo, como a fonte primária de informação, graças à sua gigantesca estrutura de produção industrial e rotinas já estabelecidas.
De toda forma, é um prazer ver iniciativas como as da Cultura, que dão um espaço de respiro e mostram que o telespectador não é tão Hommer quanto muitos parecem acreditar.
