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16
fev
2016

Reflorestar a Cantareira depende de você

vista aérea da Cantareira, em Bragança, 2014

Vista aérea da Cantareira, em Bragança, 2014

Como a gente resolve seca? Mudando micro climas. Por isso, a Iniciativa Verde lançou uma vaquinha online, conhecida como crowdfunding, para plantar 3.334 árvores nativas de Mata Atlântica – são três campos de futebol –, em Extrema (Minas Gerais). Clique em http://www.kickante.com.br/campanhas/nos-ajude-recuperar-mata-atlantica, e faça a sua doação já.

Porque Extrema? É que alguns dos rios e nascentes que abastecem o Sistema Cantareira estão lá. Ao replantar a mata do lugar, a Iniciativa verde ajuda a garantir o abastecimento de cerca de oito milhões de pessoas em São Paulo.

É a primeira vez que se tenta um financiamento coletivo do plantio de mudas. A ONG já tem o programa Plantando Águas e agora se une ao programa local do município, o Conservador das Águas. E descobri – ó que bacana – que em Extrema, agricultor que protege recurso natural (aka matas e rios) é remunerado por isso.

Porque (re)criar florestas?

Atlantic_Forest_WWF

A Mata Atlântica, segundo o WWF

A escassez de água que vivemos hoje é resultado de muitas coisas, além do gasto excessivo, o descaso com nossos rios (que foram sepultados com esgoto ou canalizados) e o desmatamento.

Quem fica preso hoje no congestionamento típico da Avenida 23 de Maio, em São Paulo, não tem ideia que ali embaixo está o rio Itororó – sim, aquele mesmo da cantiga “eu fui no Itororó, beber água não achei”. Embaixo da Nove de Julho tem outro rio – e assim sucessivamente, sem falar nos dois rios “mortos”, Pinheiros e Tietê. [Já falei dos rios de São Paulo aqui, se quiser recapitular].

A escassez de água também está atrelada à falta de árvores. Esta relação se dá, principalmente, em locais de florestas tropicais como a Mata Atlântica. Não é coincidência: as maiores cidades brasileiras estão localizadas nesse bioma. Assim, elas dependem das florestas para abastecer os seus mananciais e, claro, seus habitantes. Você sabe qual a relação das florestas com a água que sai da torneira?

Segundo estudo da empresa de geoprocessamento Arcplan em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, 76,5% dos 5.082 km de rios que formam o Sistema Cantareira estão sem cobertura vegetal. Sem mata ciliar não há como proteger os rios. O mínimo esperado para que a água seja preservada é cumprir o Código Florestal.

Se todas as Áreas de Preservação Permanente (APPs) dentro do Sistema Cantareira estivessem conservadas (seja com floresta primária, que ainda está livre da intervenção humana, ou recuperadas por meio do plantio de árvores nativas), a crise hídrica que atingiu o Sudeste teria sido menos crítica. Claro que essa preservação deve estar atrelada a medidas de racionalização do consumo; de educação ambiental; tornar a gestão e distribuição mais eficientes.

Apenas culpar São Pedro é pouco.

Mesmo porque a Estação Meteorológica (EM) do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP) desde 1932 mede a precipitação (quantidade de água que cai do céu) na Região Metropolitana de São Paulo. O ano de 2014 foi o 13º período chuvoso (outubro a março) mais seco desde 1932 até o ano – o que acabou afetando o crítico ano de 2015. O ano mais seco (no período chuvoso) desde que começaram as medições foi o de 1941. Essa seca é uma variabilidade natural do clima. Assim, a gestão da água deve prever prevenção a esse tipo de condição climática.

Como o solo nessa situação permanece mais seco, a umidade leva mais tempo para voltar às condições médias, mesmo com um aguaceiro caindo sobre a represa. Por isso, o volume de água das represas demora a subir. Ou seja, as florestas contribuem para regular a vazão das águas, pois seguram o excesso de água das chuvas, liberando essa água aos poucos para os rios, represas e nascentes (mantendo-os sempre com água, no caso da Mata Atlântica).

A vegetação também contribui para a manutenção da qualidade das águas filtrando diversos sedimentos, evitando o assoreamento e contaminação com poluentes. As árvores nativas também protegem a biodiversidade. Por fim, a mata absorve carbono e colabora com a regulação do clima do planeta, diminuindo os efeitos negativos da mudança climática e reduzindo a ocorrência de eventos extremos – como a seca que nos atingiu.

Vai ficar parado? Corre lá e contribui! http://www.kickante.com.br/campanhas/nos-ajude-recuperar-mata-atlantica

Fotos: Fernando Stankuns, CC-BY-NC-SA; Wikimedia – domínio público

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ecologia

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