Eu sabia que havia algo errado quando me enfiaram num grupo que só fala de blogs de moda e beleza. Nah, eu já sabia disso muito antes. Quando terminou a CParty 2008, eu sabia que a vaca estava a caminho do brejo, de forma irrevogável, irrefreável e com a ansiedade que só nós brasileiros, temos. Depois, fiz LuluzinhaCamp… uma boa ideia que acabou não virando o que eu esperava – é outra coisa, muito boa, mas não o que imaginei (ainda, pelo menos). Enquanto isso, vi meu outro filhote, o BlogCamp, ser boicotado, pisoteado, descarnado e desviado… Paciência, como diz o @gapingvoid: fail, fail, fail e fail de novo – que é assim que a gente segue.
Esta jornada começou em 2002/2003, com um blog-livro. Que era só pra mim. Depois fiz o Puzzle, meio diário, meio blog de verdade, só pra escrever o que queria, como queria. Fugia da mediocridade do jornalismo como ele é. Encontrei o verbeat, descobri rizomas, encantei… não, sempre fui encantada pela rede, pela colaboração, pelo compartilhamento, por ensinar, aprender, pensar. Mergulhei porque o mar parecia bom. Fiquei porque o mergulho foi bom. E em algum pedaço do caminho, o suco amargou.
Percebi isso quando, este ano, me interessei mais pela discussão dos jornalistas – sim, aqueles mesmos que nunca conseguiram evitar o avanço da mediocridade – do que pelo Entusiastas da Social Midia. Já contei que odeio o termo xoxo mídia? Porra, a gente é digital!!! Enfins, isso é outro assunto.
Minha intuição grita que tudo começou lá em 2008, quando a espanholada trouxe a CParty e junto com ela desembarcaram – e foram criados – os “grandes eventos”. É responsa, inclusive, de amigos queridos, que fizeram tão bem a divulgação da CParty. Foi assim que os meios de comunicação tradicionais (jornal, revista, TV, rádio) souberam que a gente estava aqui, fazendo uma belíssima revolução. Também dei minha contribuição, porque servi, feliz e contente, de boi de piranha para a experiência e não me importei.
Esta joaninha não entrou na rede pra dominar o mundo. Ela sempre quis fazer nós, tricô, crochê, construir junto, em roda. Joaninha acredita em crowdsourcing, em crowdfunding – e olha, todos os projetos que patrocinei, até hoje saíram… E escolheu, sabe a sua alma o porquê, ganhar a vida neste mar. Um mar que hoje percebe, triste, que envenenou-se. Por milhões de complexas e humanas razões, envenenou-se.
Escrevi isso e lembrei do Marcello Anthony (sim, o ator bonitón), dizendo pra Marília Gabriela que não lê mais jornal porque faz mal, muito mal começar o dia lendo aquela mixórdia toda. Ele sabe que a mixórdia existe, se informa a respeito tem posições, mas… não quer começar o dia com o pé esquerdo.
Eu tenho a mesma sensação com o meu leitor de feeds. Safam-se (por um triz, já aviso) alguns blogs de tecnologia, um punhado dos “pessoais”, dois ou três coletivos. De 350 assinados leio mesmo, de verdade verdadeira uma dúzia se tanto.
foto: Gabi Butcher, DiaPositivo Fotografia
Por que insisto?
Por que sigo?
Porque eu acredito. Eu tenho fé. Eu acredito, sim, que é possível construir um ambiente bacana no Brasil, em que a galera de moda e tecnologia sente lado a lado, com suas diferenças e idiossincrasias (vai procurar no dicionário, se não sabe o que é) para conversar. Um ambiente em que todos lutem pelo comum, pelo bem estar coletivo. E, claro, todo mundo ganhando dinheiro. 😀
Eu sigo porque eu sei que tem gente neste mar. Tem Denise (e Denize), tem Marcio, tem Marco, tem Zel, tem Mawá, tem Martin, tem Lus, tem Gabis, tem Zander. Tem gente que não quer ser citada, mas existe. Tem amigo invisível – que não fala nada, mas tá sempre de olho – e amigo que fica de pinhé com a gente. Tem até encontro de amor de quando em vez. Porque eu já aprendi: vale mesmo, só o que a gente trocou, aprendeu e construiu JUNTOS.
E não, gente, não tô propondo (mesmo) espírito paz e amor. Vamos continuar a criar rodas, panelas, times e brigar muito entre nós. De forma honesta, divertida, camarada. Assim, no fim do dia, todo mundo ganha: nós, os leitores, a internet.
Como disse o Kim Dotcom, do Megaupload: vamos voltar maiores, melhores e mais rápidos.
Quem vem?
Todas as fotos foram publicadas em CC e estão disponíveis no flickr… aquela rede que a gente largou, lembram? Foto do destaque: Fábio Seixas, CC-NC-BY-SA