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01
nov
2006

Pra morrer de catapora 2 – Diferenças na saúde

Recentemente, me vi cercada por casos de câncer. Tias, amigas, conhecidos padecem desta doença. Não quero expor mazelas nem falar do tratamento em si. Há infinitas referências, tanto na web como fora dela. Uma delas é a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE).
Me chama a atenção, no entanto, a diferença entre o tratamento público e o particular.
No mundo dos convênios e contas recheadas, o drama é tentar sobreviver. Tenho duas tias em tratamento. Recebem quimioterapia, ficam internadas, fazem exames sem grandes dramas (com alguma briga) através de seus convênios de saúde.
Já no público, soma-se à busca de cura a luta por atendimento… O marido de uma conhecida, teve um “problema sério” detectado no começo do ano passado. O médico particular de uma conhecida fez o diagnóstico de câncer na hora que olhou os exames. Mas ninguém teve coragem de contar.
Arranjadas as consultas num hospital público, este ser humano ficou mais de três meses à espera do tal diagnóstico. Notícia recebida, levaram mais duas ou três semanas para indicar o tratamento. Até decidirem que o tumor era inoperável levaram outro tanto. O homem, um sujeito calado, mas ativo, foi ficando sem voz, não conseguia engolir… o tal tumor estava crescendo, crescendo. Até que a garganta fechou. Era preciso colocar uma sonda. Quimioterapia? Nem pensar!
Enquanto isso, na rede particular, uma tia detectou um novo tumor. Foi rapidamente operada, fez suas sessões quimioterápicas e radioterápicas. Com o apoio do marido e dos amigos, seguiu em frente e, aparentemente, conseguiu uma remissão.
No front público, sofriam o paciente, sem conseguir comer nem falar, e sua família, lutando por atendimento. Ele precisava de uma sonda para se alimentar. A esposa não saiu de casa por 15 dias, à espera do telefonema do hospital. Faltou ao trabalho para cobrar a cirurgia. Providenciou travesseiro, lençóis e cobertas (porque o hospital não tem). As filhas ficaram em compasso de espera, para levar o pai ao hospital.
Tá, deu tudo certo, a sonda está lá, o ser humano pode se alimentar. Fico pensando como seria este tratamento na rede particular.
E penso também nos muitos porcento que este cidadão pagou a vida toda ao INSS, saúde, em impostos e outras contribuições aleatórias que voltam nesta qualidade de atendimento.

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saúde

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