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22
set
2014

Por um dia cheio de gente, sem carros

Dê preferência ao Amor

Sim, começou a semana de mobilidade urbana – que acontece com muitos eventos em todo o Brasil, no entorno do dia 22. E hoje, 22, é dia mundial sem carro. O tema, assunto obrigatório no noticiário por conta do excesso de veículos nas ruas me fez lembrar de de quando descobri a data (2006/2007?) e pouquíssima gente sabia que isso existia – e muito menos era notícia para a “grande mídia”.

Ficou mais fácil? Não, né? Depois que o Haddad começou a implantação dos 400 km de ciclofaixas em Sampa, o debate degringolou feiamente (eu não acompanhei, mas o Marco Gomes conta tudo pra vocês). Eu estou feliz em ver o debate acontecer, embora nem tanto com as formas, mas… melhor isso que nada.

Além das informações que o Marco levantou, continua a me chamar a atenção, nas ruas, o nível de selvageria do brasileiro no trânsito. A gente tem código perfeito e faz questão de não cumprir. O tal gesto pra atravessar, por exemplo, bastou mudar a gestão de São Paulo para não valer mais. Detalhe: a lei é nacional, vale no Brasil inteiro (Rio de Janeiro, capital da selvageria no trânsito, inclusive).

Falta respeitar leis: todos desrespeitam. E, confesso, quando atravesso no sinal vermelho (pra mim, pedestre) lembro de todos os carros que vejo “furar” vermelho. Se eles podem, porque não posso? Mais: eu fui atropelada em cima da faixa, há mais ou menos um mês, aqui na esquina de casa, atravessando quando a preferência era minha. Foi a gota d’água: não uso mais sinal e voltei ao padrão anterior. Espera o carro dar espaço para você passar.

Os sinais de travessia para pedestres são verdadeiras piadas. Primeiro: os tempos de travessia são mínimos. Idosos jamais conseguem cumprir, por conta das limitações físicas. Segundo: quando existe botão para pedir travessia, ele é ilustrativo – ou seja, o sinal funciona no tempo dos carros. O resultado prático é evidente nas ruas que utilizo (basicamente região da Paulista): o pedestre até usa a faixa, mas não respeita semáforo.

Tem outra coisa que me chama a atenção: a irritação em compartilhar espaço. Ora, se você vive numa metrópole com outros 20 milhões de almas, por favor, tenha paciência!

Me chama a atenção como os carros, nesse contexto urbano, se tornam o centro do estorvo. Estacionamento a preço astronômico, barulho, poluição. Basta sair um pouco de São Paulo para sentir os ouvidos felizes com o silêncio – porque carros elétricos ainda não há, confere produção?

Só posso, aqui, dar o meu testemunho de como é a vida sem carro (para uma pessoa que mora no Centro, claro):

  • A cidade vira lugar de encontros. Você conhece pessoas pelas calçadas, reencontra amigos que só vê de longe nas redes sociais (quando vê).
  • Percebe a qualidade das calçadas, se existem árvores (que fazem sombra para caminhar), sabe direitinho a qualidade da iluminação urbana.
  • Quando quero, tenho táxi  (via 99Taxis) a qualquer hora do dia ou da noite, com profissionais de qualidade, que chegam rápido e toda segurança.

Eu já falei num dos posts anteriores, das vantagens econômicas (para mim) de não ter carro e não vou repetir. Só digo que: agora tenho direito desconto pra comprar carro novo, já que agora eu sou deficiente física (por conta do esvaziamento da axila) e nem me cocei pra fazer isso.

Eu gosto desta data por motivo de: é ótima pra chacoalhar certezas e gerar conversas. Se as conversas – e atritos – resultarem numa cidade melhor pra todo mundo viver (com ou sem carro), fico mais que satisfeita.

E também é um tempo em que o meu sonho de cidade, feita para pessoas, ganha mais força.

Qual o teu sonho para a sua cidade?

Foto: recado de Lili Bollero no LuluzinhaCamp SP, março 2012.

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