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05
jun
2009

Pilhas são um problema gigante

A notícia no Setor Reciclagem me chamou a atenção. Setor de pilhas ainda não organizou a coleta. Como assim, Bial? Fui atrás de alguma informação a respeito, e o How Stuff Works, para variar, tinha material de primeira (e links de última que levam a lugar algum). Direto de lá.

São 1,2 bilhão de pilhas e 400 milhões de baterias de celular comercializadas por ano no Brasil, segundo dados do Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – Abinee. Enquanto este estoque gigantesco sai para o mercado, também tem um tempo de vida e, em geral, termina no lixo comum. Desde 2000, todas as pilhas produzidas no Brasil têm quantidades mínimas ou quase nulas dos metais pesados mais poluidores como cádmio, mercúrio e zinco, dentro do que está estabelecido pela resolução 257 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), editado em 1999. Pela lei, o perigo da poluição por metais pesados em pilhas e baterias é mínimo e assim, qualquer um poderia fazer coro com boa parte dos empresários do setor que diz que é possível jogar as pilhas no lixo.

A questão é que a realidade brasileira não ajuda. Para jogar pilhas comuns no lixo é preciso bom manejo do aterro sanitário, o que acontece em apenas 10% dos aterros brasileiros, segundo estimativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Além disso, nem toda pilha que você compra atende o padrão – há as “baterias ilegais”.


Incipiente no Brasil, a reciclagem ou reaproveitamento das pilhas e baterias é mínimo. Apenas a Suzaquim faz isso e recicla cerca de 6 milhões de pilhas e baterias
por ano – menos de 1% do comercializado. As empresas de baterias de celulares, por exemplo, recolhem o material e enviam para recicladoras fora do Brasil.

A tecnologia para tratar as pilhas usadas nós temos, o que não temos são grandes quantidades necessárias de matéria prima [pilhas usadas]”, informou Marcelo Mansur, professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (DEMET) da Universidade Federal de Minas Gerais. (na reportagem reproduzida no Setor Reciclagem). Resumo da ópera: se a gente jogar no lixo comum, inviabilizamos a reciclagem. E é exatamente isso que a indústria está fazendo: brecando o processo, que poderia ser lucrativo e eliminar riscos à saúde dos Brasileiros. Estas empresas bem que podiam fazer como a TetraPak que inventou o Rota da Reciclagem só para ajudar a recolher as suas embalagens. Burros!

Está no rótulo das pilhas das maiores marcas – Duracell (clique em descarte, site mal feito é o cão), Rayovac e Panasonic: jogue no lixo comum. Detalhe: juntas, estas marcas detêm mais de 50% do mercado de pilha. Apesar do descarte no lixo doméstico não ser ilegal enquanto as pilhas atendem os limites máximos de metais pesados – cádmio, zinco, chumbo, manganês e mercúrio -, o perigo se dá porque apenas 35% das cerca de 5000 mil cidades brasileiras tem aterros sanitários. A maioria dos municípios ainda usa lixões que carecem de controle de qualidade ambiental.

Para completar, estima-se que 40% das pilhas vendidas são contrabandeadas ao país e estão fora dos padrões de segurança ambiental. Estas pilhas são em geral fabricadas na Ásia, especialmente na China, contêm concentrações de cádmio e chumbo cerca de 10 vezes superiores que a permitida pela resolução Conama 257/1998. Enquanto isso, os teores de zinco e manganês, que são os elementos ativos das pilhas, têm concentrações mais baixas que o mínimo exigido pela mesma legislação, o que reduz a vida útil do produto e aumenta o descarte e, conseqüentemente, a poluição.

O site do Ministério do Meio Ambiente escondeu em algum canto muito do escondido os lugares de coleta. Tentei a busca de todo jeito e nada! Lá estava eu na página principal, sem nenhuma informação que preste.

Uma das respostas do oráculo: procure a secretaria de meio ambiente do seu município. Corri pro portal da Prefeitura de S. Paulo, que é bem bom. Uma notícia: Cantinho Ecológico protege o meio ambiente na região de São Mateus. Claro que bancos (Real, por exemplo), empresas e as empresas e celular estão fazendo (de cara feia, diga-se) a sua parte. Num país em que nem as lixeiras na rua sobrevivem à população, o que esperar?

Podem esperar que ainda vou atrás de novo deste assunto.

Em tempo: alguns Postos de Entrega Voluntária (PEV) têm sim lugar para pilhas e baterias. Lembrem-se de separar…

Imagem: Old Batteries, Eva The Weaver, no Flickr em CC

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ecologia, Rede Ecoblogs

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