Anteontem teve audiência pública sobre o projeto da deputada Jandira Feghalli no Congresso, com presença maciça, claro, de quem é contra. O povo a favor não foi lá defender os direitos de todas nós. Sim, é direito inalienável de qualquer mulher optar por interromper uma gestação. Não, eu não sou a favor do aborto. Sou contra a criminalização.
Zilda Arns, mulher lutadora, é contra. Ok, está no seu direito. O que acho de uma injustiça profunda é que mulheres que fazem aborto, que somam mais de 1 milhão e 400 mil, segundo o Instituto de Medicina Social da UERJ, sejam consideradas CRIMINOSAS pelo código penal brasileiro.
É ridícula a acusação, entre muitas outras, de que o governo brasileiro está sendo pressionado pela ONU para modificar a legislação atual. A ONU, na verdade, está cumprindo o seu papel de garantir os direitos fundamentais do homem (no caso, da mulher).
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Classificar a mulher de criminosa, qualquer que seja a sua condição econômica ou social, para mim é uma intromissão CRIMINOSA da IGREJA. Que fique claro, de uma vez por todas: SOMOS UM PAÍS LAICO! Que inferno! Sou a favor do trabalho de D. Zilda com as crianças, inclusive já dei um dinheirinho. Parei na hora em que soube que ela militava contra o aborto. Enquanto esse povo fica atrapalhando a vida da mulherada – que, lembrem-se, sofre antes, durante e depois do tal aborto – a polícia mata inocentes em todo o Brasil, há impunidade, crianças não sabem ler. Façam-me um favor: menos é mais.
E viva o ministro da Saúde, homem informado, decente, combativo. Que ele e sua equipe tenham longa vida e consigam, nestes próximos anos, mudar a face da saúde no País. Porque os brasileiros merecem muito mais do que recebem hoje.