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01
abr
2010

Mulheres superpoderosas? Nah, brilhantes

Este post está na gaveta há muito tempo.  Que se publique agora, com a nova foto de @lufreitas clicada por Gabi Butcher, com produção luxuosa de Denize Barros e aconchego absoluto de Letícia Massula.

De que adianta meu palavrório,
aos teus ouvidos, joaninha,
se depois de todo dito repertório,
nada resta a escrever, moreninha?

Que dizer da competência,
se já falou a paulistana?
E que tal da influência,
se disse o da terra italiana?

Da humildade nem se fala,
menos ainda do amazonense,
com seus lindos assovios.

Daqui recolho meu pala,
e te digo, como porto-alegrense,
ao que tu és não bastariam meus elogios.

Versinho mandado pela Joaninha porto-alegrense, a Ana Goelzer.

Há algum tempo dei uma entrevista para a Clara Passos pois fui indicada como uma das 10 mulheres mais poderosas da internet brasileira. Como as minhas respostas não saíram lá, eu publico aqui:

1. As redes sociais representam, de alguma maneira, uma ferramenta de poder? Como?

A presença digital pode ser uma ferramenta de poder, sim. A palavra “poder” para mim, é muito delicada – tem 24 acepções no Houaiss. Eu gosto mais do conceito de potência, que aprendi com o Guattari, mas vem de outros cantos da filosofia francesa. As redes sociais podem agir em todas elas. Publicar textos, imagens, vídeos, enviar mensagens em microblogs, fazer campanhas por uma determinada causa – tudo isso, além de formas de expressão individual, também se transforma em manifestação de poder quando acontece replicação, visualização, agregação de pessoas em torno de um determinado tema. Isso, como tudo, pode ser usado para o bem como para o mal – e surgem as eternas questões éticas da condição humana.

2. No seu caso, você se sente “poderosa”? Por quê?

Sim, me sinto. Primeiro, porque sou reconhecida pelos meus talentos: agregar gente, promover conversas, espalhar novidades. E depois porque consegui sucessos que me dizem que realmente eu posso. YES, WE CAN! E isso promove mudança inclusive em comportamentos, faz pessoas que não conheço pararem para pensar em assuntos novos, cria novos territórios em que a novidade é possível.

3. Atualmente, quais as diferenças que você vê entre o cenário internacional de mídias sociais (recentemente, um blog apontou as mulheres mais influentes nas mídias gringas) e o cenário nacional?

Há – e sempre haverá – diferenças culturais. Embora a gente tente usar os parâmetros internacionais para medir influência (ranking Alexa, ranking Technorati, links, pageviews, retwitts…), nosso universo é infinitamente limitado pela língua. Me surpreende, nesta lista, por exemplo, a ausência do Huffington Post, que é liderado por uma mulher, a gente nunca pode esquecer; o BlogHer – que tem encontro gigante – estar em quarto lugar. Veja que poder – e influência – sempre vai passar por um filtro subjetivo muito claro.

A grande diferença, no final, entre lá e cá, é que apesar da crise econômica ter sido mais barra pesada para eles, os blogs lá fora conseguem crescer e aparecer graças às suas audiências, à clareza e ao bom trabalho de todo o mercado. Vejo os blogueiros lá dedicando-se a estudar e produzir o conteúdo para os seus blogs.

Aqui a gente precisa de outros trabalhos, sem contar que nosso  mercado publicitário é um tanto desleal;  e os anunciantes, em grande parte não tem a menor noção do que é internet, quanto mais mídia social.

4. O que é, para você, ser influente em uma mídia social?

Acho que já respondi antes: ser ouvida, ter reconhecimento, conseguir agregar pessoas em torno das idéias que faço circular.

5. Como você acha que as mulheres, especificamente, podem fazer uso dessa ferramenta – e dessa influência?

Criando presença digital. Isso não é para todas, mas pode ser muito útil para vários movimentos femininos. O parto natural, por exemplo, está na web desde que nasceu aqui no Brasil. O mesmo vale para o movimento de defesa dos direitos da mulher. Ainda temos um longo caminho pela frente. Tanto de conscientização de uso – tem coisa mais chata que um robô que retuita automaticamente tudo o que você fala de um determinado assunto? – como em termos de inovação. Influência também exige um tanto de inovação, ética e compromisso. Cada uma tem que criar seu jeito de estar presente e preservar muito bem a ética e os valores nos quais acredita (e não estou falando de moral, que é bem diferente, vamos deixar claro).

6. Quais as tendências deste meio para 2010? E os seus planos para o ano?

Mega boa pergunta. 2010, por conta das eleições, portanto prevejo algum suspense entre os blogs: quem a Justiça Eleitoral vai tirar do ar desta vez? Quem será o próximo processado? Estas questões a gente não tem como responder – até porque a lei eleitoral é vaga e ao fim e ao cabo quem resolverá o assunto será o juiz. Também será o ano da gente terminar a consulta pública ao Marco Civil da Internet. E ano de abraçar a entrada da navegação móvel. Nos meus blogs já tenho acessos por navegadores de celular em quarto ou quinto lugar.

7. Quais as outras mulheres poderosas deste meio, na sua opinião? E por que elas são poderosas?

Denize Barros, da La Reina Madre, por sua delicadeza, ética, carinho, beleza.
Nospheratt: a brasileira-uruguaya que ensina muito bem a blogar e construir blogs, sem contar as muitas iniciativas (Projeto e Revista Deusas) para reunir a mulherada e ajudá-las a melhorar o seu dia-a-dia
Zel: é minha inspiração, confesso. Adoro ler a Zel, a atitude clara e muito pessoal. Tem milhares de leitoras e, junto com a Denize, é “fundadora” da blogosfera brazuca (ela vai me matar…)
Martha Gabriel: professora, artista, especialista em SEO, madura e linda. A Martha se destaca neste planeta web brasileiro no meio de uma montanha de homens com uma força feminina maravilhosa. Poderosa ao cubo.

8. Atualmente, de que projetos/trabalhos você participa ou em quais trabalha na net? E fora dela?

Na rede: Ladybug Brasil, LuluzinhaCamp, Faça a Sua Parte, Goitacá, Ecoblogs, Deusario, Trezentos
projetos de ciberativismo contra a censura sempre
Atendo clientes através da Conectiva, tanto produzindo presença digital (de site a vídeos), como conteúdo.

Em 2010 vou colocar no ar um projeto antigo (está na gaveta desde 2008 já está sendo feito por outras pessoas): dar aulas sobre blogs e midias sociais seja para uma pessoa como para pequenos grupos. Blog e Midia Social Coaching sob medida para ajudar quem deseja a produzir conteúdo e entender melhor o mundo digital.

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