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08
mar
2008

Mulher brasileira: mais que bunda e peito

blogagem mulher

Chegou a hora! A hora de acabar com esta bobagem de diferença. A hora de deixar de ser peito, bunda, rosto bonito e ser cidadã. À beira do relançamento do Desabafo de Mãe (semana que vem estamos de volta, o site tá lindo e quase pronto para receber todo mundo), lá vem post pela Blogagem Coletiva pela Valorização da Mulher Brasileira, puxada por duas lutadoras: Lys e Meire.

A questão do papel da mulher no mundo me chama, de novo, pra diferença que existe entre os muitos planetas que coexistem no universo – seja ele concreto ou digital. Enquanto assessorias e amigos mandam vídeos e arquivos doces, as feministas levantam os temas que não querem calar: discriminação, não-acesso aos direitos básicos e violência doméstica – só para começar.

O que disparou da blogagem coletiva foi o uso de nossas belas bundas e peitos para divulgar o Brasil no mundo. Oras, Brasil é bunda? Na hora que começo a navegar, acessar informações, comparar dados, a dúvida some. O Brasil maltrata suas filhas e cidadãs. São tantas situações que fica difícil ordenar o pensamento. A criminalização de um direito, o aborto; a falta de acesso aos métodos anticoncepcionais; a parca infra de saúde; a violência doméstica que come solta nas casas. Caos!

O que mais me toca, sempre, é a questão da saúde. Saúde feminina não é simples, não. Somos um organismo especial – porque capaz de gerar vida – e pra lá de complicado. Exige atenção, cuidado, recursos e respeito à paciente. Falta tudo, principalmente o último item. Até porque a maioria das mulheres não sabe que pode dizer sim e não, que tem direito à alternativa, a escolher.

Pior: enquanto a mulherada vira chefe de família, o IBGE vem informar, nesta véspera de 8 de março, que em média ganhamos 70% do rendimento masculino…  Na mesma pesquisa a gente descobre que rendimentos dos brasileiros aumentaram de forma global, mas brancos continuam ganhando mais que negros… Horror, horror. Junte mulher e negra e verás que a vida pode ser difícil. (E não vale fazer piada com cartão corporativo)

Este post levou horas e horas sendo escrito. O tema é querido e desperta em mim a sensação de paralisia. São dois lados. As feministas de plantão têm uma luta linda à qual, por algum motivo, não consigo me juntar. As femininas são meigas demais pro meu gosto – tendem ao rosa. Estou mais para as primeiras, mas não são meu bando.

Minha banda toca na web. Apesar do alto nível de abuso e horror, os nerds têm vantagens – são respeitosos, querem a participação feminina, ouvem as vozes que brotam. Não são perfeitos, mas são diferentes. Como o André Delacerda, que mostrou hoje no 28 dias seu lado dono-de-casa sem medo de ser feliz. Ou os moços no radinho, que buscam mais informações para serem pais melhores e darem conta do tranco. Ou o Rodolfo Sikora e a sua linda história com a Bia. É outro planeta. Entenderam porque eu tendo a gostar muito da vida aqui? E as Maria Nerdeiras, que mostram que a vida também é diversão.

Por isso mesmo é que luto pela inclusão digital, pela diversidade, pelo respeito. Que este sábado seja marcado pelos atos das companheiras feministas – e as moças cor de rosa saiam de casa para lutar pelas mulheres que, em vez de espancar teclado, são espancadas por seus “companheiros”, largadas nas filas dos postos, esquecidas dos poderes – e continuam a lutar por um futuro melhor para si e seus filhos.

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