Quatro de maio de 2021, 21:12, morre o ator Paulo Gustavo. May the 4th be with you? A esfera digital se dividiu entre a morte chocante do ator e a final do #BBB21. Renata Lo Prete aparecia a cada intervalo com outra entrada ao vivo da frente do hospital em Copacabana. Imagino que seja o assemelhado do Sírio Libanês, em São Paulo – ou do Albert Einstein.
Paulo Gustavo, ator e roteirista, 42 anos. Mais um brasileiro importante morre, vítima da covid-19, apesar dos esforços das equipes médicas.
Já são mais de 412 mil pessoas mortas e enterradas. E o amado Jânio publicou um texto em que a luta vem junto com uma toalha no chão. Como não quis discutir em 240 caracteres, vim pra cá. Então este é um post resposta a este: Morre o ator Paulo Gustavo.
Jânio escreve:
Viver no Brasil é isso: é ficar o tempo todo ansioso com a quantidade absurda de mortes desnecessárias; é estar o tempo todo com medo de ler uma notícia de que alguém próximo teve a vida ceifada por uma doença plenamente evitável; é indignar-se com o projeto de destruição em curso, mergulhado na impotência de quem nada pode contra o desejo e a escolha consciente de 57 milhões de fascistas, assassinos, burros e hipócritas.
A luta está perdida, eles já venceram. Mas não vou parar de lutar, porque o lado certo da história não necessariamente é o dos vencedores, e eu morreria de vergonha de olhar no espelho caso estivesse do lado de lá.
A luta está perdida para todos os que já morreram. Para nós, vivos, ela está aqui, em cada respiração, em cada pulso do coração, em cada ato e momento. Não dá pra resumir o Brasil ao boçal que habita o Alvorada – e à sua família bestial. Eu me sinto uma alienada real oficial quando percebo que não recebi nenhuma das mentiras que circularam em 2018. Que só tenho acesso às mentiras pelas agências todas de checagem e veículos de imprensa.
Mais importante que lembrar a trajetória, a vida, as marcas que uma pessoa deixa – Paulo Gustavo e mais todos os que já passaram por este planeta – é honrar a vida. Como honrar a vida? Vivendo da melhor forma, de acordo com os nossos valores e crenças. O Jânio pode se achar perdedor, mas ele é um vencedor. Como eu, venceu uma doença. Como eu, vive da melhor forma, sem agredir quem seja. Temos, os dois – e milhões de outros – raiva, ódio e desespero derivados da idiotice reinante.
Mas idiotice não se acaba com a nossa raiva, ódio ou desespero. Para combater a idiotice que levou à morte de Paulo Gustavo e outros milhares, é preciso inteligência. O próprio Paulo Gustavo deu uma ótima resposta em um trecho do 220 Volts, o especial de fim de ano. Tem um trecho pra lá de especial, que ontem foi tuitado e retuitado à exaustão, que diz tudo. Publico aqui o meu trecho favorito.
Diga o quanto você ama a quem você ama. Mas não fica só na declaração, gente. Ame na prática, na ação. Amar é ação, amar é arte. Muito amor, gente. Até logo.”
— Paulo Gustavo ??? pic.twitter.com/cHgbfZB1Up
— Lucas ? (@LcMatheus_01) May 5, 2021
Taí a sua resposta, Janjão, saída da boca do nosso assunto: a vacina é amor e afeto. Não adianta nada a gente odiar os 57 milhões de enganados. É preciso encontrar formas de amar – seja ajudando a CUFA ou o MST a colocar comida na mesa dos brasileiros mais pobres; seja colaborando com o ISA ou o IMAZON pra deixar indígenas vivos e florestas de pé; seja simplesmente mantendo a ciência no foco, sem se perder nas cortinas de fumaça.
Temos tarefas enormes à frente:
Tremo em pensar nas pesquisas de opinião que leio. Tremo porque tenho medo do ar, do vírus, de morrer. Trememos juntos, milhões. Correntes se formam e mãos se juntam. Através do Zoom, do Meet, do Teams (arght), do Skype – e até do zap e do telegram – vamos nos encontrando, agrupando, recriando o que já fazemos desde sempre: conexões.
O caminho está aí e só nos resta seguir. Para honrar os que se foram é preciso ir amando, quem der, como der. No caminho haverá sorriso, lágrima, tremor, medo, ódio, raiva. E amor. Todas as muitas emoções e sentimentos estarão conosco. Ninguém ganhou. Ninguém perdeu. Porque o jogo ainda não acabou.
Spoiler: é infinito.