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20
set
2009

Lá vem o Dia Mundial Sem Carro 2009

diamundialsemcarroTerça-feira é Dia Mundial Sem Carro. Não, a história não é despoluir o mundo em um dia – quem dera isso fosse possível. A história é conscientizar a população sobre o uso do transporte – seja ele como for. O Movimento Dia Sem Carro terá, em São Paulo, uma agenda cheia, que começou dia 17, quinta-feira passada. No grupo de discussão das Luluzinhas, o assunto surgiu e se tornou fonte de depoimentos importantes sobre a infraestrutura urbana e atitudes pessoais sobre o automóvel com informações de várias capitais.

Leiam com atenção estes depoimentos e tirem suas conclusões. Quem puder deixar o carro na garagem na próxima terça faz bem – e pode ter boas surpresas. Quem não pode, paciência.

O meu resumo? Orgulho de que várias Luluzinhas são pedestres e temos uma pedalante ativa, além das avaliações claras dos sistemas de transporte público (e do comportamento empresarial) brasileiros em São Paulo, Rio, Brasília e Curitiba. Aviso: os depoimentos foram editados e “cortados” (não muito). Post longo à frente.Foto: MaWá, em CC

Em São Paulo:

O lance é que todo mundo sempre prioriza o seu conforto e as suas necessidades. Não está nem aí pro planeta. Realmente, andar de bicicleta (ou a pé) na maioria das grandes cidades do Brasil é praticamente impossível, porque antes de tudo, as pessoas não têm educação! Não é só habito, é educação mesmo. E educação é a principal coisa que falta no Brasil. ponto. Se as pessoas tivessem uma educação voltada pra isso, respeitariam as opções de quem quer andar de bike e se mobilizariam com maior empenho para que o transporte público atenda melhor às necessidades da população.

Mas como tudo te encaminha para ter o seu próprio carro e ter a “liberdade” de ir e vir com conforto e “segurança” (isso é muito subjetivo e ninguém está seguro de nada, em lugar nenhum). Acho que as pessoas só vão tomar atitude mesmo, quando a água começar a bater na bunda de verdade…. É assim que funciona. O incentivo maior é pra que comprem carros, mais carros, e muitos carros, e muitos impostos e dinheirinho no cofrinho, né? Até o dia do congestionamento final.

Eu tirei carta ano passado, porque meu chefe praticamente me obrigou, pagou e tudo. Eu ainda não dirijo. Quase um ano e não pego o carro nem pra ir à padaria. O que quero dizer é que também há certa “imposição” social para que você dirija, tenha seu carro, sua liberdade e blablabla whiskas sachê. As pessoas meio torcem o nariz se você diz que não sabe dirigir. Eu tenho 32 anos e não dirijo.

Eu gostaria e muito de que o transporte público fosse melhor, que o metrô tivesse uma malha muito maior e que funcionassem 24 horas. Se fosse assim, seria perfeito. De verdade, carro só me faz falta quando quero sair à noite. Tenho que depender de alguém ou de táxi (que é caríssimo aqui em SP). Muitas vezes, deixo de ir aos lugares porque não tenho carro, nem carona. Isso tudo (e trabalho) vão acabar me obrigando a perder o medo e comprar um carro – e a gente sempre vai ter uma “desculpa” pra isso, né?

Juliana D’Alcantara

Participo desse movimento diariamente. Minha vida aqui em SP tem zona para acontecer. Moro nos Jardins e minha vida – trabalho, restaurantes, bares, cursos, lojas, baladas – se resume ao meu bairro, Itaim, Vila Madalena, Pinheiros, Moema, Consolação, Paraíso, Higienópolis… Tudo isso dá para fazer de ônibus +táxi. Eu sou do Rio, mas sempre vim muito para SP para me divertir. E os lugares que eu gostava de ir eram esses, então escolhi morar perto deles. E tem o metrô, sempre vou à Liberdade pegando um, por exemplo. E os amigos que tem carro dão carona de vez em quando!

Já peguei muito ônibus para ir ao trabalho, completamente montada, todo mundo olhando para a minha cara. Hoje em dia vou a pé: 25 minutos para ir, 25 para voltar. Como vou costurando o Jardim Europa, é um passeio matinal maravilhoso e ainda já faço um exercício. Meu marido todo dia pega ônibus, demora uns 20 minutos. A vaga a que ele tem direito no trabalho doa para alguém. Não ter carro para nós é uma opção. SP já está entupida demais, poluída demais. Escolhi morar perto de corredores de ônibus justamente por isso. Adoro estar no ônibus a mil no corredor enquanto vejo todo mundo parado nas faixas comuns. 🙂

Ando a pé, pego ônibus e, quando quero ir para mais longe ou sair à noite, é taxi. Pago todos os meus táxis com cartão de crédito para ter total controle de quanto eu gasto nisso e é MUITO menos do que se eu tivesse um carro. Os R$ 30k que eu gastaria em um podem render juros, ao invés de desvalorizar com um carro, além das dores de cabeça. Posso beber e voltar para casa do jeito que eu quiser, a Chame Taxi me deixa em casa. Com a grana economizada nessa brincadeira, viajo muito! E essas lembranças com certeza são muito mais doces do que as que eu teria engarrafada na Av. Rebouças. Eu TOTAL apoio os sem-carro! E acho engraçado quando nego pergunta “seu carro está na garagem?” e eu digo que não tenho. As pessoas se espantam, arregalam os olhos! Hahahaha

Este mês gastei 400 reais em taxi – divididos com meu marido. Minhas corridas custam no máximo 25 reais. Não pego engarrafamento, tudo o que faço é relativamente perto e existe o corredor – e lá a coisa flui. Fui a todos os lugares que eu quis. 200 reais é meu gasto, sendo que eu não tenho que me preocupar com caminho, em achar uma vaga ou pagar um valet, não me emputeci com engarrafamento, não tive que consertar meu carro porque algum idiota bateu nele, não paro em posto para abastecer…pago para não me estressar! Só para manter um carro seriam uns R$800 + a encheção de saco.

Quando eu morava no Rio, eu VIVIA nos bares e baladas, para cima e para baixo de carona, ônibus, metro e taxi. Lá tinha ônibus de madrugada, cansei de voltar da Lapa de busão, cheio de baladeiros. Aqui em SP lembro meu primeiro final de semana como moradora, mofando num ponto de ônibus de madrugada… SP não tem isso. Tive que desistir e pegar táxi.

Morro de inveja de NY que tem metrô 24horas. Morro de inveja de qualquer cidade que tenha transporte público decente. Também invejo cidades com aluguel de bicicleta e ciclovia. Os motoristas deveriam ser educados para se preocupar também com o pedestre… São Paulo não respeita pedestre nem ciclista. Até as calçadas são um lixo. Eu ODEIO carros, de verdade. A frase que mais grito todo dia é “liga a seta para o pedestre!”

Sarah Sioli

Como “escolhi” morar na roça, fico realmente sem opção. Meu carro ficou uma semana na oficina e precisei dormir na casa da minha mãe. Em dois dias decidi ir para casa porque estava com saudade do marido e do castelo. Se eu levo 40 minutos de carro, levei uma hora e meia para chegar em casa, sendo quase uma hora de caminhada morros acima. Fora que fico limitada a estar na Barra Funda às 20h50, senão fico presa aqui em Sampa. Absolutamente sem condições.

Digo “escolhi” porque morar em São Paulo significa estar à mercê dessa especulação imobiliária que ou nos empurra para apartamentos cada vez menores, mais caros e mal feitos (onde se ouve até a agulha do vizinho caindo no chão, não?), ou nos empurra para bairros cada vez mais distantes do centro. Entre morar mal em São Paulo, optamos por morar muito bem fora de São Paulo. O preço é ser obrigada a andar de carro.

Deveria haver um sistema melhor de trem e ônibus intermunicipais. Ainda assim, procuro sempre parar o carro em alguma estação do metrô e fazer o resto do trajeto por ele quando é possível. Já fazia isso quando morava nos confins do Sacomã, por exemplo, e geralmente era bem mais rápido o deslocamento. E pode contar mais uma aqui a favor de transporte público 24h.

Maíra Termero

Tenho curiosidade de saber se as lulus que disseram que “não dá” para ir de bike já tentaram na companhia de um ciclista mais experiente… Alguém que tenha tentado e conseguido, que use a bike no dia a dia. Porque o começo é difícil até para quem chega a Copenhagen ou Portland, duas das cidades mais bike friendly do mundo. Ouço relatos da Bicicletada de Brasília e problema eu sei que tem (como em qualquer cidade), mas queria entender porque é tão categórica a afirmação de que é impossível (se o argumento for o trânsito louco, os 350 mil ciclistas diários de São Paulo devem ter algum problema).

Em Curitiba eu já pedalei – a transporte, fora dos parques! – e achei uma cidade bem melhor do que São Paulo para pedalar. Desde as ruas mais conservadas (em SP a gente tem que desviar dos buracos), até a quantidade de morros um pouco menor e a sinalização muito mais farta do que em São Paulo. Pode ser que a malha cicloviária ainda fique devendo (embora seja bem maior que a de São Paulo), mas pelo menos vi placas alertando sobre e regulando a presença de ciclistas por toda a região do Centro, e isso faz com que os motoristas fiquem mais atenciosos com os pedalantes.

E tem busão, tem carona… Carona é tudo de bom! Será que, por um dia, a gente não consegue largar o vício individualista? Acho que mesmo que seja muito difícil, tá valendo, porque se uma cidade só é viável para andar de carro, os governantes que estão mantendo a estrutura urbanística assim têm que ser questionados, “fuzilados” em blogs, jornais, panfletos. A gente não pode aceitar cidades feitas para carros e não para pessoas, muito menos contribuir para que elas sejam assim. No mínimo esse modelo é questionável, por ser desigual, injusto e desumano. Eu tenho medo de ficar velhinha e de ter filhos num mundo em que só se possa andar em segurança de carro de um lado para outro. Not good.

Verônica Mambrini

Sou carioca como a Sarah, e moro em Sampa há dois anos. É exatamente o que ela falou: no Rio nunca tive nem vontade de ter carro. Fazia absolutamente tudo de metrô, ônibus e táxi. Lapa de busão no fim de semana de madrugada era de lei. Aqui em São Paulo já tenho números de diversos táxis e só pego mesmo para voltar da balada. Não uso carro para absolutamente nada, apesar de ser bem mais difícil aqui do que no Rio. E olha que moro em Pinheiros e meu trabalho é na Vila Madalena, um luxo. Já ouvi de uma pessoa que trabalha na prefeitura que ônibus 24h não existem em São Paulo porque não querem os jovens de periferia circulando de madrugada pelos bairros mais nobres… Sem comentários!

Não sinto falta de carro e nem gostaria de gastar meu rico dinheirinho numa poltrona de luxo, que bebe um monte de gasolina e polui. Às vezes desço a Av. Rebouças a pé em direção a minha casa e vejo aquele mar de carros parados… Chego em casa muito mais rápido. Outra: andar a pé te deixa mais em contato com a cidade. Sinto que quem anda muito de carro vê quem está do lado de fora como “o outro”, “o obstáculo”. O que eu já achei de coisa legal andando a pé por Sampa não está no gibi. Lojinhas fofas, brechós, sebos, galeriazinhas de arte… Podia fazer uma lista! Eu até entendo que muitas meninas não têm alternativa, porque a nossa cultura e o nosso desenvolvimento industrial foram baseados na indústria automobilística e na indústria do petróleo. As vias são feitas para os carros, calçadas mal cuidadas e inseguras são a regra para pedestres e motoristas mal educados arriscam a vida dos outros modais como as bikes.

Só não sei como vou fazer o dia em que tiver filhos pequenos, porque realmente não gosto de carro, e criança pequena exige um aparato. Até lá já descolei a casinha ideal que vai ficar em frente ao pediatra e do lado da creche e a uma única quadra de uma linda pracinha!

Renata Correa

Então o segredo para morar em SP sem carro é viver só em um pedaço da cidade mesmo né?

Not at all. Trabalhar perto de casa – ou como eu, que trabalho longe de casa, mas é uma reta só que eu percorro de metrô – é importante e faz bem. De resto, eu só me limito a ficar um tanto perto de casa quando pretendo voltar entre meia-noite e meia e 4h30 da madrugada, porque é o horário onde eu realmente dependo de taxi e eu sou pão dura 🙂

Nas outras 19 horas do dia você pode ir de Itaquera até a Vila Madalena (para quem não tem noção: é LONGE) sem muitos problemas. Claro que o metrô no horário de pico é cheio em 70% dos trechos, mas para passear geralmente a gente pode se dar o luxo de escolher um horário melhor ou andar em trechos curtos ou menos sofridos. Por exemplo: eu gosto muito de dois shoppings onde o melhor jeito de chegar é usando a linha de metrô leste-oeste, que é a mais lotada. Deixo as compras para os domingos. Quando é compra de emergência, vou ao Shopping Santa Cruz, que fica num trecho mais vazio da linha azul, literalmente em cima da estação de metrô, uma beleza.

Claro que o transporte público de São Paulo é cheio de falhas ainda, mas com R$ 2,50 você saí da Sé, no centro de SP, e pode chegar em mais de 15 cidades diferentes, em direções variadas. Não dá para dizer que falta opção.

Jess Carrasco

Ok é muito lindo, muito bacana esse dia sem carro, é um dia a menos de poluição e trânsito, mas e no resto do ano? Em São Paulo, e acredito que em nenhuma cidade do Brasil, NÃO DÁ para ir e vir de bicicleta trabalhar no horário de pico, só se você morar super perto do local. Eu, por exemplo, moro na zona leste e ir para Vila Olímpia de bicicleta é um caos. Sem falar em (falta de) segurança. Também não acho que a solução é andar de metrô e ônibus. Vocês já viram como tudo está tão abarrotado? Muito apertado, gente pra todo lado, se todo mundo larga o carro e vai andar de transporte público não vamos ter espaço!

Acho que a única solução é home office, milhões de profissionais, podiam tranquilamente trabalhar de casa e ter apenas reuniões semanais, quinzenais na empresa, mantendo o contato com a empresa via skype, msn, telefone. MUIIIIITO mais econômico e ecológico. E todo mundo ficaria com pelo menos 3 horinhas a mais por dia, para relaxar e fazer o que bem entender. Sem contar que trabalhar de meias, é impagável, uma das melhores coisas do mundo. Quantas vezes trabalhei em empresas com uns 200 programadores todos na mesma sala e nos falávamos por MSN…#fail As empresas são antigas, conservadoras, “old” demais para entender isso, e ainda forçam os funcionários a trabalharem em horário comercial, atolando as ruas.

Marlene Dualiby

Foto: Márcio A. Borges, CC

Em Brasília:

Em dia de semana é bem complicado largar o carro em Brasília… Os motoristas não respeitam motociclistas ou bicicleteiros. Em fim-de-semana, dá sim. Temos parques ótimos e uma das vias principais fica fechada pra carros (mas muita gente tem que amarrar a bicicleta no carro pra chegar a esses lugares, diga-se). Estão fazendo uma ciclovia em Águas Claras (um “bairro” a 20 quilômetros do Plano Piloto) e há promessa de centenas de quilômetros de ciclovias construídos nos próximos anos. Essa promessa é tão antiga que nem levo mais a sério. Também quero um mundo onde não precise usar carro o tempo todo.

Sempre volto de SP encantada com o transporte público (sim EU SEI que não é bom o bastante, mas vocês não têm idéia de como é melhor que o de Brasília). Gostei do de Curitiba, também. Aliás, o de Recife e do Rio também não me incomodam – duas cidades em que morei antes de ter carteira, mas voltei a passeio depois e não usava carro, mesmo tendo a possibilidade. Aqui em Bsb, carro não é luxo, infelizmente. É necessidade. E olha que sou daquelas pessoas que preferem um modelo popular, não acho que carro dê status e sequer me preocupo em andar com carro lavado. 😛

Táxi em SP é uma fortuna. FORTUNA. Muito mais caro que em Brasília. Ainda assim, as contas da Sarah fazem todo o sentido. Um carro custa, por mês, entre 600 e 800 reais (tem algumas formas de fazer o cálculo, a Lu Freitas conhece uma simples e pode passar pra vocês, a minha é bem mais chata). Com esse dinheiro, dá pra tomar muito, mas muito táxi à noite. 😉 Claro que usar táxi todo dia o tempo todo é pra quem tem grana, muita grana. Ecologicamente falando, táxi ainda é melhor que carro particular, mas pior que ônibus, metrô ou outro transporte de massa.

Por fim, muita gente se transforma atrás do volante. Eu também, em termos, já que é o momento em que mais xingo no dia (xingamentos dirigidos a motoristas sem-noção, na maioria das vezes). Vocês falaram em seta: faz falta pro pedestre, é verdade, mas olha, aqui em Bsb neguinho não dá seta nem pros outros carros. Amigo meu, meses depois de se mudar pra cá, falou que não ia mais dar seta na rua, indicando que queria mudar de faixa, porque parecia que era um sinal pros outros carros acelerarem e não o deixarem mudar de pista. E é verdade. O problema, como vocês disseram, é de educação GERAL.

Lu Monte

Brasília é totalmente atípica porque foi feita pra carro, é isso. No Plano Piloto a gente ainda tem a parte de dentro das quadras que tem menos movimento e calçadas ligeiramente melhores, mas daqui de onde moro pra levar as crianças na escola, por exemplo, eu pegaria uma das duas vias de acesso ao “bairro” da escola, uma via reta e que não tem calçada ou ciclovia. Teria que andar “no meio” da pista. Lembra que há umas semanas você me falou que queria conhecer o trânsito daqui? Vou procurar alguém pra ir comigo nos horários que uso o carro e também pedir ao Bruno. Vamos tirar fotos pra você ver.

A escola é perto para os padrões de Brasília, 15 minutos de carro e sem trânsito. Uma amiga aí de Sampa me disse que essas condições só existem do outro lado da cidade. Aqui eu pego em uma parada de ônibus e desço 4 paradas adiante. Agora meu próximo objetivo é encontrar uma casa ou apê maior perto da escola deles pra ir a pé. Demorei tanto tempo pra tirar carteira de motorista, mas devo confessar que depois de umas semanas dirigindo descobri que odeio ser motorista; também quero um mundo onde não precise usar carro o tempo todo.

Maysa Luz

Brasília tem algumas particularidades que dificultam muito. E não chega a haver um trânsito louco, mas há pouco espaço nas ruas para carros e bicicletas, pois geralmente todos os veículos precisam pegar as vias principais. Por exemplo, se eu fosse da minha casa para meu trabalho, eu iria pegar o sol de meio-dia na cabeça – quase 30 graus com baixa umidade. Ia ter que passar por largas avenidas com 6 faixas onde o trânsito é intenso. Aqui em Brasília dificilmente você vê alguém indo para o trabalho e pegando as vias principais de bicicleta.

O que vejo são pessoas que moram próximas ao local de trabalho irem de bicicleta, mas aí eles têm a oportunidade de pegar vias residenciais que são bem mais tranquilas e geralmente sempre há pessoas de bicicleta por essas vias ou calçadas. Além do que as distâncias são grandes. A pessoa acorda, vai trabalhar, vai para a academia na hora do almoço, volta para o trabalho e depois para casa. Muitas vezes são distâncias bem longas.

Acho que um dos grandes problemas de usar a bicicleta no dia a dia aqui em Brasília é o calor. Pois eu, por exemplo, suo muito, chegaria ao trabalho toda suada e não há local para tomar um banho. E é bem alto o número de atropelamentos de ciclistas aqui, inclusive já tivemos vários triatletas campeões que treinavam quando foram atropelados em horários de pouca movimentação no trânsito.

Srta Bia

Foto: a.tai, CC

Em Curitiba

Aqui na minha cidadezinha realmente é muuuuito mais econômico. A gente sempre vai e volta de táxi. Fora que dá para beber sem medo (e é muito mais confortável não precisar se preocupar com dirigir). Mas em SP? É possível? Esses dias, no Twestival, inclusive, amigos de SP ficaram parados por umas 2h no trânsito! Imagina isso de táxi, fica uma fortuna!

Cláudia Regina

Foto: Transporte Ativo, CC

No Rio de Janeiro

Eu confesso que tenho medo de colocar meus filhos, dois, numa bicicleta comigo na avenida aqui perto. MEDO MESMO. Quando eu estudava, eu ia de bicicleta para a escola – e não era pertinho. Morava na Tijuca, no Rio. O salão é perto, vou fazer unhas a pé. A dentista também. A escola é que não deu. Infelizmente. Confesso também que eu gosto de dirigir. Gosto demais. E abrir mão de prazeres é difícil, não é uma conquista do dia para a noite. Mas é possível.

Onde eu vim morar, a qualidade de vida é muito boa. Um lugar basicamente residencial, longe dos grandes centros. De noite, aparece sapo, e não escutamos nada, a não ser grilos. E minha forma de usar menos o carro, é me resolvendo por aqui, nos arredores. Os trajetos são rápidos e menores. O mais importante é a gente ir incorporando novos hábitos a cada dia. São conquistas diárias.

Ana Cláudia Bessa

Eu confesso que sou viciada em carro. Antes era necessário, pois eu trabalhava em três escolas em lugares bem distantes e precisava correr de uma para outra e chegar no horário. Então só de carro mesmo. Há 4 meses, aposentei-me de uma delas e exonerei a outra (chutei o balde). Estou trabalhando perto de casa, dá para ir a pé, uns 20 minutos, mas, carregar material de muitas turmas, às vezes, é complicado e eu acabo indo de carro.

De vez em quando eu saio mais cedo e pego uma condução (hoje fiz isto de novo) e percebo que é rápido e fácil. Já me prometi fazer isto mais vezes, e vou conseguir. Estou morando longe do centro e, para ir resolver qualquer coisa por lá, vou de Frescão. Exceto para levar e buscar a Princesinha na escola, e para sair à noite, acredito que posso reduzir o uso do carro. Não apenas em um dia, mas sistematicamente. E este é uma de minhas metas.

Denise Rangel

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