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08
mar
2018

Entrevista: Lanika Rigues

Lanika Rigues assina com o seu apelido. E jura de pés juntos que não é referência de nada – mas essa minha amiga querida tem muitos talentos. É uma designer (e publicitária) que faz muito pela internet, pelo conhecimento, pelas deusas, pelas mulheres. E também pelos gatinhos, por seus filhos e por seus amigues, vamos deixar claro.

Pessoa meio nômade, veio do Rio – de Niterói pra ser mais exata – passou por São Paulo e hoje está em Curitiba. E eu digo meio porque Lanika fica anos numa cidade e, quando os amigues se dão conta, já mudou.

Talentosa, inteligente e feminista, Lanika Rigues é uma nerd legítima, casada com um nerd legítimo (oi, Rafa). E eles me deram o melhor presente EVER: Carmem. Ah, que menina maravilhosa!!! [Lanika também é mãe do Gabriel, que hoje já é homem barbado, outro amor de criatura, vamos registrar aqui].

Mais não preciso contar, que vocês descobrem a seguir todos os projetos e talentos dessa mulher maravilhosa.

Lanika Rigues: arteira e nerd

Profissão e idade

Designer e publicitária, 42 anos

Quais são seus projetos mais queridos?

Agora você me pegou. Eu tenho um monte de projetos paralelos em etapas diferentes de realização… Eu tenho muito orgulho de ter feito parte da fundação do MariaLab e ter criado várias coisas para a coletiva, assim como amo criar coisas para o LuluzinhaCamp.

Ano passado eu comecei um novo projeto, uma loja geek voltada para mulheres, a Mana Potion, que está passando por uma reformulação – bons fornecedores são complicados de achar.

Tem um projeto que era de histórias em quadrinhos, acabou de fazer 25 anos, eu estou pensando em tirar a poeira dele e transformar em algo colaborativo.

Sendo sincera, se eu pudesse ganhar a vida criando novos projetos de coisas interessantes e inovadoras, eu faria uma carreira disso. Tem vários deles em uma pasta secreta só esperando alguém se empolgar com a ideia.

 

O que você faz na internet?

Tive oportunidade para refletir sobre isso ano passado, quando fiz um detox de um mês. A principal coisa é pesquisa. Eu tenho ideias o tempo todo e implementar elas gera dúvidas, a pesquisa ajuda a responder as dúvidas e planejar um projeto. “Será que isso já existe? Será que isso é possível? Será que essa ideia funciona na prática?”. Minha curiosidade pelo mundo é infinita. Estou sempre lendo o tempo inteiro, de teses científicas a webcomics, artigos, debates, jornais… Acabei de olhar meu browser. tem 24 abas abertas. 10 delas são trabalho, 7 delas são coisas que eu estou lendo ou pesquisando. O resto é email (contas diferentes), google drive, alguns docs abertos e IM.

Também é como eu reajo ao mundo. Lá por volta de 2001 eu tinha um blog, tentei voltar algumas vezes, mas não achei o formato ideal para mim. Enquanto isso às vezes escrevo no Medium. Tenho tentado republicar lá os textões de Facebook, porque informação tem que ser livre – no dia em que o Facebook acabar, todo aquele conteúdo vai se perder. Passo muito tempo trocando idéias sobre feminismo, tento amplificar a voz e os talentos de outras mulheres e criar uma rede de apoio onde cada uma ajude a elevar a outra. Minha hashtag preferida no Twitter no momento é #visiblewomen. Tanta mulher talentosa nesse mundo, é incrível!

 

Qual é o seu maior sonho? (podem ser vários)

Acho que a essa altura da vida tenho mais vontades do que sonhos propriamente ditos.

Uma vontade comum a todas as pessoas criativas é chegar a um nível onde a renda sustente todas as suas necessidades e você possa criar por prazer sem ter que ficar se preocupando em pagar as contas.

Eu tenho vontade de viajar, há vários lugares que eu gostaria de conhecer, talvez até morar.

Fazer mestrado e doutorado, que foram adiados por causa dos filhos. Eu tenho algumas teses sobre comunicação nas redes sociais em tempos de algoritmos que gostaria de explorar academicamente.

Deixar a minha marca no mundo, de alguma forma positiva.

Outro sonho é que eu adoraria ainda estar viva em um mundo que descobriu a cura para a depressão.

 

Qual a sua maior decepção?

Depois de ter lutado tanto a vida toda para ser respeitada, pelos meus direitos e os direitos das outras mulheres, da gente ter conquistado algumas coisas a passos duros, lentos e sofridos, esse backlash conservador aponta para um futuro pior para a minha filha. Dá um desânimo.

Quais as suas redes preferidas e por que?

As minhas redes preferidas são aquelas onde as pessoas se permitem um uso criativo e original delas.

O Twitter há anos tem sido uma das preferidas por causa da dinâmica. Um fenômeno interessante que acontece lá é que os usuários criam novas formas de usar o Twitter, como usar RT para o retweet e agora as threads e a plataforma incorporar isso na Interface. Outras redes querem controlar como o usuário usa a plataforma. O Facebook é um dos piores culpados neste quesito. Boa parte das mudanças irrita os usuários, ao invés de ser criada por eles.

foto: Gabi Butcher, no LuluzinhaCamp em 2015

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mulher

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