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23
fev
2007

Entrevista com Alexandre Lobão

Quem? Alexandre Lobão, escritor e roteirista, 37 anos. Tem mais de 11 livros publicados. Encontrei-o fuçando no site de um designer, o Christian Pinkovai. Gostei do site que haviam
criado para o lançamento do novo livro, O Nome da Águia, segui a trilha de pãezinhos e cheguei até ele. Fiquei impressionada com a variedade da produção e, claro, com o meu desconhecimento. Mandei e-mail pelo formulário on-line e o moço respondeu rapidamente, como deve ser. Concordo, eu tinha pedido entrevista. Olhem só o nosso bate-papo:

LBB: Percebi que você tem muitos livros publicados. São 11, se incluirmos as coletâneas. O que me surpreendeu é que alguns são técnicos. Você ainda vai escrever nesta área ou só ficção?
Alexandre: Por enquanto cansei de livros técnicos. Dão muito trabalho, nem sempre prazeroso, e sempre aparece alguém com um ponto de vista diferente para criticar o conteúdo. Já os livros de ficção, dão um trabalho imenso (muita pesquisa!) mas prazeroso, e, no fim, as pessoas podem gostar ou não, mas com certeza ninguém vai dizer: “você está errado!”. 🙂

LBB: E os lançamentos? Você está fora do circuito das grandes editoras?
Alexandre: Este ano espero ter pelo menos um livro (O Nome da Águia) publicado por uma
grande editora. Quando estiver tudo certo, com certeza vou divulgar. Além disso, tenho outros dois livros (um infantil e um infanto-juvenil) que deverão sair por editoras menores.

LBB: Livros esgotados, à espera de editoras, bem comentados por outros escritores…quer falar um pouco sobre isso?
Alexandre: Sem editora, mesmo, só tenho um livro atualmente: o “Amar é Simples e Necessário”, cujo original foi bem comentado por diversos autores, inclusive pela Lia Luft – de quem tirei uma frase para colocar na capa do livro. O “Caixa de Pandora” teve muita repercussão também, recebendo alguns elogios de grandes escritores que me comoveram, principalmente porque me confessaram que não esperavam grande coisa quando começaram a ler! O problema de se trabalhar com editoras menores é que você nunca tem certeza se os livros realmente vão sair! Então, posso ter mais dois livros “sem casa” e não saber – sou que nem São Tomé: só acredito que a editora vai publicar quando tenho o exemplar na mão!

LBB: Por que colocar seus livros na internet?
Alexandre: Vejo a internet como uma ferramenta complementar ao trabalho impresso – um não pode viver sem o outro hoje em dia! Meu plano, na verdade, é expandir meu site aos poucos e colocar mais material na internet. A idéia principal é divulgar o meu trabalho para poder vendê-lo “no papel”, porque todo autor se regozija por ter muitos leitores (o que a internet oferece, com uma certa facilidade), mas precisa vender para poder comer! 🙂 Hoje tenho apenas alguns trechos de histórias e alguns roteiros completos no site. Minha expectativa é que ainda este ano possamos colocar histórias em quadrinhos completas – com a opção de comprar o conjunto de histórias em CD ou impresso; criar uma seção para escritores, com artigos, dicas e oficinas; e talvez publicar trechos de “As Incríveis Memórias de Samael Duncan, o romance em que estou trabalhando agora. Já para o site de “O Nome da Águia” a idéia é que ele “crie vida” quando o livro forlançado: a cada semana serão apresentadas fotografias de lugares visitados pelos personagens, curiosidades sobre fatos relatados no livro, e links para o Google Earth onde o leitor possa visitar – mesmo que virtualmente – os locais do livro. A idéia é que o site amplie a experiência de quem ler o livro!

LBB:
Você também faz roteiros para quadrinhos. Quais são suas influências, inspirações…
Alexandre: Comecei a ler com 6 anos, e devorei a biblioteca da minha casa – muitas e muitas dezenas de livros – antes dos 10, começando com histórias infantis (uma coleção de quase 100 livros) e terminando com os clássicos da literatura universal como os livros de Alexandre Dumas, Mark Twain, Júlio Verne e outros.
Aos 11, conheci os quadrinhos, começando por super-heróis da Marvel e continuando, nos próximos anos, com quadrinhos de diversas nacionalidades (principalmente da Europa), passando, é claro, pelos famigerados “underground” americanos e muitos e muitos fanzines brasileiros.Para escrever quadrinhos, normalmente busco minhas inspirações fora da área de quadrinhos, principalmente na literatura e cinema. Mas como quadrinhos são uma arte à parte, ainda incompreendida no Brasil, tem muita coisa que você precisa aprender e “beber” da própria fonte, com roteiristas como Neil Gaiman, Alan Moore, Clive Barker e Michael Straczynski.

LBB:
A estratégia de convidar desenhistas para o projeto na web funciona?
Alexandre: Sinceramente? Funciona, mas muito pouco. Não adianta só colocar o site no ar com o pedido, isso é comocolocar um anúncio na lista telefônica e não fazer propaganda. Com um agravante: o de que existem muito mais anúncios na internet e não há um catálogo organizado! O que realmente dá retorno é participar de listas de discussão sobre quadrinhos, e o contato com outros profissionais do ramo. Há muitas listas de discussão para curiosos e profissionais, em diversos sites como o Yahoo ou MSN.

LBB:
Você pode indicar uma lista que seja bacana para quem gosta de quadrinhos?
Alexandre: Quem gosta de quadrinhos, genericamente, deve começar consultando os sites do Universo HQ, do Bigorna e do Omelete. Para quem gosta ou quiser conhecer quadrinhos Brasileiros, há diversos sites de autores, um bom local para começar é ir ao site do Leonardo Santana e passear pelos links da página de “Blog”. Grupos, há muitos; eu participo do AHQB, Canal Brado (da revista “Brado Retumbante”), EuroQuadrinhos (comentários sobre, é claro, quadrinhos europeus), Quadrinhos Profissionais e Quadrinhos BR. Mas nestes grupos se conversa, principalmente, sobre criação de quadrinhos.

LBB:
Como você divulga o site? Tem muitas visitas?
Alexandre: Atualmente não tenho divulgado muito o site, principalmente porque estou esperando a definição da data de lançamento de “O Nome da Águia” para começar com uma divulgação mais pesada. Participo de muitas listas de discussão de autores e leitores, e pretendo começar a divulgação por aí. Já cheguei a ter 661 visitantes em um dia, mas a média é de cerca de 20 visitas diárias.

LBB:
Você também faz cinema. Seu currículo tem curta, longa e animação. E ainda por cima se propõe a fazer roteiros on demand para clientes. Funciona?
Alexandre: Eu já me acostumei a escrever “sob demanda”. Todos os roteiros do site foram escritos assim. Quando alguém procura um trabalho, “sentamos” (às vezes virtualmente) juntos e trocamos idéias sobre o que a pessoa espera. Escrevo então de três a cinco sinopses, bem curtas, sobre as idéias, e a pessoa escolhe uma delas. Amplio então a sinopse para algumas páginas, e a pessoa aprova ou dá suas sugestões, e assim seguimos até chegar a algo que agrade totalmente o “cliente”. Depois, incluo os detalhes da trama. Basicamente, é um trabalho de “ghost writting”, que funciona tanto para roteiros de cinema e quadrinhos quanto para contos e livros – o que faz a diferença é justamente a capacidade de entender o que o “cliente” quer e conseguir captar as idéias subentendidas, estruturando-as no papel.
Claro que isso funciona muito melhor quando é possível sentar fisicamente ao lado da pessoa interessada no roteiro ou história, pois nada substitui a troca de informações “ao vivo”. Meus roteiros de cinema mais recentes não estão ainda no site, pois pode ser que sejam produzidos, o que tenho publicado no site são roteiros antigos, que ficaram “sem dono” por diversos motivos.

LBB:
O que deseja do público?
Alexandre: Descubram os autores brasileiros! Ao escolher um presente, surpreenda-se comprando algo que vai além dos apelos da moda! 🙂

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