Quando o Brasil estreou na Copa, a caminho do evento do PagSeguro/UOLHost no Reserva Cultural, eu vi o povo todo de verde-amarelo na rua e pensei: era assim que deveria ser nas eleições também. Nem pensar, né? Dia de eleição é dia de cumprir obrigação – ou fugir dela – e ir às urnas meio a contragosto.
Daí que começou a campanha na TV e no rádio. A gente ainda tem que suportar, nos intervalos, coisas como “aborto é crime” (de fato é) e o turco são paulino condenado falando de honestidade. E viva a democracia brazuca. Só que aqui na rede, quem está conectado todo dia já acompanha os principais candidatos o dia todo no Twitter. Se a lei nos proibiu de colocar banner no blog, sem problema, a gente faz faixinha no Twitbbon para colocar no avatar do Twitter (ou de qualquer outro canto).
Serviços para a democracia não faltam numa rede neutra. Usada de mil jeitos – para bombardear, difundir, propagar – a internet é o meio preferido por todos para tentar reproduzir o tal “efeito Obama”. A diferença, claro, é que nos States, 20% da população usa a rede para se informar. Aqui no Brasil somos pouco mais de 7%. Isso porque já temos 67 milhões de internautas com acesso residencial, dizem.
Mas eu estou dando voltas. A história deste post é sobre as cenas que vimos todos durante a Copa do Mundo este ano, com o Brasil colorido de verde e amarelo, e como estamos encarando as eleições – obrigados a votar, optando por anular ou simplesmente não ir votar. No meio deste cenário, dois serviços úteis e interessantes.
Desde o ano passado, já estamos avaliando os políticos lá na BOVAP (Bolsa de Valores Políticos). Outro lugar muito bacana é o Eu Lembro, feito pela WebCitizen. Com os perfis dos políticos, o site conta pra gente as responsabilidades de cada cargo em disputa e como é eleito e ainda tem uma pesquisa (que não vale como estatística, fique claro) que mostra as intenções de voto dos cadastrados.
Eu sempre me senti mal representada por Deputados e Senadores (só o Eduardo Suplicy se salva). E lá no site descobri a razão:
Deputado Federal
Responsável por representar o povo brasileiro, criar leis nacionais e fiscalizar a administração do presidente.
O deputado federal é o responsável por criar leis que ao serem aprovadas passam pelo processo de revisão no Senado. Este trabalho é feito com o objetivo de defender os interesses do brasileiro e por isso o eleitor pode acompanhar e cobrar do seu deputado soluções que ache necessárias.
Quantos são eleitos: São eleitos 513 deputados divididos de acordo com a representatividade de cada Estado nas eleições. Portanto, um Estado com maior população votante pode eleger mais deputados. Além disso, são eleitos pelo voto proporcional – embora os votos sejam feitos aos candidatos, eles vão para os partidos ou coligações que assim podem eleger outros candidatos mesmo que não tenham sido bem votados.
Deputado Estadual
Responsável por representar a população de seu Estado, criar leis estaduais e fiscalizar a administração do governador.
O deputado estadual tem o trabalho semelhante ao deputado federal, porém resolve questões sobre o Estado que reside. Ele cria e leis estaduais seguindo definições impostas pela constituição federal. Entre as funções do deputado, está a fiscalização das contas do governador.
Quantos são eleitos: O número varia de acordo com a população de cada Estado. São Paulo conta com o maior número de deputados estaduais chegando a 94. São eleitos pelo voto proporcional – embora os votos sejam feitos aos candidatos, eles vão para os partidos ou coligações que assim podem eleger outros candidatos mesmo que não tenham sido bem votados.
Fica mais que claro as razões pelas quais a gente não é representado por quem faz as leis, não? E as razões pelas quais estes mesmos caras não cumprem as suas funções decentemente. Detalhe: este é (quase) o mesmo texto que o TSE está veiculando na TV, para esclarecer a população. Só que eles não contam o detalhe sórdido do voto proporcional… ridículo!
Outro serviço, que veio como resposta pra mim através do Daniel Veloso no Twitter, é o Repolítica, que permite escolher seu candidado em 8 perguntas. O serviço foi criado pelo Daniel e três “comparsas”. Tem algumas questões claras: o como funciona não informa de onde vem os dados, embora deixe muito claro o funcionamento do sistema. Vale a brincadeira, mas parece só isso: brincadeira. E vamos combinar que a política brasileira precisa um pouco menos de brincadeira e um tanto mais de crítica para sair do buraco negro em que se enfiou.