Eu adoro pesquisas, porque muitas vezes elas me contam que a realidade é diferente do que penso que é…
Semana passada, a Thiane me enviou um trecho interessantíssimo do 10° Estudo de Confiança, feito anualmente pela Edelman – em todo o mundo. A montanha de numerinhos ficou aqui nos rascunhos e a Joaninha quase caiu da cadeira quando leu os resultados.
Abaixo, a íntegra do texto – adicionada com meus comentários, grifos e sustos…
Mesmo com a crise econômica que teve início no segundo semestre do ano passado, a confiança dos brasileiros nas empresas cresceu (2009: 67%; 2008: 61%) e ocupou o primeiro lugar entre as instituições, seguida por ONGs (62%), mídia (60%) e Governo (43%), de acordo com o décimo Estudo de Confiança da Edelman (Edelman Annual Trust Barometer). O Brasil é o terceiro país com o maior índice de credibilidade nas corporações, atrás apenas da Índia e do México (71%). A pesquisa foi realizada após a eleição de Barack Obama, entre novembro e dezembro de 2008, em 20 países, nos cinco continentes, com 4.475 líderes de opinião, entre 25 e 64 anos.
[parênteses de comentário da blogueira] Este trecho aí embaixo explica direitinho porque a gente confia nas companhias: somos subdesenvolvidos e mal educados. Você confia na Net/Virtua? E a galera que precisa usar IEca para acessar os sites das operadoras de telefonia ou dos bancos? As companhias ignoram solenemente o W3C, o CC e todas as regras que fazem a vida comunitária valer a pena… céus! [/ parênteses]
O estudo indica também que a credibilidade nas companhias é maior nas economias emergentes do que nas desenvolvidas: as nações do BRIC (63%) confiam mais nas empresas do que nas outras instituições, assim como países da Ásia-Pacífico (57%); e a América Latina (69%) também apresenta um alto índice de confiança nas corporações. Já a América do Norte (37%) e a União Européia (43%) apresentam índices menores de confiança nas empresas.
Ainda que atrás de outras instituições, a credibilidade depositada pelos brasileiros em seu Governo (43%) dobrou em relação ao estudo de 2008 (22%), e é maior do que em países desenvolvidos, como Estados Unidos (30%) e França (34%). [comentário da Joaninha: vão confiando, vão… já já os caras mudam tudo e a gente que se vire os 30]
A seguir, mais alguns resultados da pesquisa:
* Os brasileiros acreditam que o Governo é um dos principais responsáveis por solucionar questões globais, como acesso à saúde (55%), crise financeira e de crédito (49%), custos com energia (35%) e aquecimento global (23%).
Resposta da Joaninha: sentem-se e esperem, Josés e Marias. Se a gente não tirar o bumbum da cadeira e começar a se mexer, nada mudará, nunquinhas.
* Mas as empresas também têm papel fundamental na solução destas questões: o Brasil (81%), assim como Indonésia (82%) e México (86%), acredita que as corporações têm de criar parcerias com Governos e grupos de interesse para resolver os assuntos globais. Apenas o Japão aposta que as empresas devem atuar nessas questões, independente de parceria com outras instituições.
Paráfrase Joanística: os japoneses de lá são mais inteligentes que os nossos…
* O Brasil (72%) – assim como a maioria dos outros países entrevistados, à exceção da Coréia do Sul (35%) – acredita que o governo deve intervir na atividade dos bancos e do setor financeiro, impondo regulamentações e limites à área.
* Nas verticais de indústria, o Brasil continua apostando no setor de tecnologia (80%), seguido pelo automotivo (78%) e biotecnologia e energia (73%). O setor bancário, que em 2008 possuía o menor índice de credibilidade para os brasileiros, este ano teve um aumento significativo (2009: 58%; 2008: 52%).
Joaninha avisa: aposta em carro cambada. E depois não vem aqui reclamar do trânsito, tá sabendo?
* Para acreditar em uma notícia específica sobre uma empresa, os brasileiros precisam ouvi-la duas (31%) ou três (30%) vezes; A maioria dos entrevistados no mundo, de três (35%) a quatro/cinco (25%) vezes.
Joaninha constata: brasileiros são mais fáceis de convencer…
* O que mais influencia a reputação de uma empresa para os brasileiros é o quão bem ela trata seus funcionários (98%), a qualidade dos produtos e serviços (97%) e a capacidade de criar e manter empregos, assim como o compromisso com a proteção do meio ambiente (96%). Juntamente com o Brasil, Canadá e boa parte dos países europeus, como Reino Unido, Alemanha, França, Suécia, destacaram o tratamento aos funcionários como prioridade.
Joaninha indica: a maioria das companhias faz “maquiagem verde“. Respostas do querido Escriba.
* Quando os brasileiros acreditam em uma empresa eles continuam comprando seus produtos e serviços (88%) e recomendando para outras pessoas (82%) – conduta observada na pesquisa do ano passado. Mas quando não acreditam: não compram os produtos e serviços (76%) e falam mal para outras pessoas (67%), confirmando o comportamento exigente dos brasileiros.
#euodeionetvirtua…
* Uma entrevista ou um discurso ao vivo (57%), concedido por um executivo sênior, são as fontes mais confiáveis de informação para os brasileiros, seguidos pela opinião de analistas (50%), conversa com amigos e pares (45%) e artigos em jornais (44%).
* A credibilidade em quase todos os porta-vozes diminuiu no mundo; acadêmicos e especialistas da indústria são os mais confiáveis (62%); No Brasil, “pessoas como eu” (67%) continuam liderando esse ranking, seguidas por acadêmicos e especialistas da indústria (59%) e analistas financeiros ou de mercado (45%).
* Os brasileiros confiam bastante nas empresas alemãs (81%) canadenses (78%) e do Reino Unido e da França (77%). No mundo, as corporações suecas (72%) são as que apresentam maior credibilidade, seguidas pelas alemãs (71%) e Canadenses (71%).