Dia 6 de janeiro os cristãos comemoram o dia de Reis. Também conhecido como Epifania, Teofania ou Pequeno Natal, é o dia de comemorar a revelação de Jesus, através dos magos que vão visita-lo e levar presentes.
É no dia de Reis que se encerram as comemorações de Natal – a data correta para desmontar árvore e presépio, retirar as decorações da época.
São três reis que, ao contrário do que se imagina, têm origens diferentes – e se tornaram santos no século VII. Baltazar saiu da África levando mirra, o presente dos profetas. Já Gaspar saiu da Índia e levou incenso, uma alusão à divindade. Melchior ou Belchior saiu da Europa e ofereceu ouro, símbolo de nobreza oferecido apenas aos deuses.
Os cristãos das diversas orientações celebram essa data, cada seita a seu modo. No Brasil, a herança portuguesa impera: é dia de Folia de Reis, em que os grupos saem cidade afora levando as bênçãos do menino às pessoas que os recebem. Pela tradição, quando o grupo chega, a família deve alimentá-los.
Em alguns lugares se faz a partilha da Torta ou Bolo Rei, com uma fava e/ou medalha no meio da massa – que garante bênçãos para o ano e também a obrigação de oferecer o bolo no próximo ano.
Na Itália, o dia de Reis é conhecido como Befana, versão feminina do Papai Noel, que oferece presentes às crianças. Por lá, a troca de presentes acontece mesmo no dia 6 de janeiro.
Como já contei que detesto as comemorações de fim de ano, o Dia de Reis costuma marcar para mim o começo do ano. Em 2003 junto com um dos meus ex, começamos a tradição de fazer uma festinha com o bolo de reis (a receita francesa é uma delícia), algum espumante e muita alegria. O namoro não durou, mas a festa segue, nos últimos 15 anos, acontecendo.
E no último sábado, a turminha se reuniu de novo em torno de uma mesa boa, taças de espumante e as três tortas de reis, que alegram a todo mundo que sai com fava ou medalha. Por incrível que pareça, eu nunca ganhei uma… Mas adoro a festa, que me enche de alegria, esperança e prepara o terreno para começar o ano de verdade, sem a barulheira do Ano Novo ou o estresse do Natal.
O melhor mesmo, desta festa que todo ano é oferecida pelo meu amigo de infância e ex-namorado, é reencontrar muita gente querida que durante o ano todo só vejo à distância de vários cliques ou publicações em redes sociais.
São esses encontros que fazem da festa um momento especial. Ninguém é família, todos são queridos. E a gente faz o que pessoas felizes fazem de melhor juntas: comemoramos a vida. Com toda a sua diversidade, em todas as cores e orientações.
Apesar da alegria e do alto astral, houve um momento de raiva pura. Uma pessoa desrespeitou meu ateísmo. E isso para mim é sério. Se eu consigo respeitar e calar quando falam de deus, porque não posso ser respeitada ao me declarar não crente? E vejam, eu me sei uma ateia de pé quebrado, já que acredito a priori em todas as deusas que me apresentam, de todas as raízes e tradições.
Befana, a “bruxa boa” dos italianos, para mim é real. Assim como a história dos reis que vão visitar um moleque que acabou entregando uma mensagem libertária, revolucionária e bastante interessante. Há um deus? Eu acho que não. E respeito todo mundo que se gruda nessa ideia, enquanto o meu coração pula no peito, certo que estão se enganando. E é do seu direito, oras.
Quando começo a pensar nisso – deus, deusa, deuses, deusas, religiões – a coisa é tão clara: cada um acredita (ou não) no que quiser. Afinal, cada adulto é responsável pelos seus boletos e sabe o que faz.
Então fica um conselho: se você não concorda com a posição ou postura de alguém, cale a sua boca. O problema é você, não o outro. No caso: eu não preciso de uma religião para ter moral ou ética na vida – que é o raciocínio eterno sobre isso.
Viva e deixe viver – sem esgotar a paciência alheia, por favor.
Fontes de pesquisa: Brasil Escola, Wikipedia (PT), Wikipedia (EN).
Fotos: Ana Lucia Camacho Câmara, CC-BY-SA, Pit Thompson, CC-BY, Bianca Vasconcellos