Segundo dia foi dia de me perder nos fios da intrincada rede de informação que se arma na Campus Party. Cheguei no finalzinho da palestra de Scott Goodstein, um dos principais estrategistas da campanha eleitoral do presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Gostei principalmente do recado final: não adianta nada saber usar as mídias se estiver descolado do público e se a mensagem não for de verdade. [aconselho que vocês fiquem de olho nos achados da web que será publicado excepcionalmente no domingão]
Segui pela campustv (o melhor jeito de driblar a barulheira e escutar o que é dito nas áreas) o debate sobre as mudanças na lei de direito autoral, no campusforum. Claro que ferveu. Afinal, pela nossa lei, somos todos piratas. Para completar, o @samadeu, mediador, confessou que errou no figurino (a camiseta dizia com todas as letras não compartilhar é crime). O Gustavo, o Teatro Mágico, não ficou para o debate (infelizmente) mas mostrou claramente o ponto: quem ganha com a legislação não são os artistas (músicos, autores, escritores, cientistas) mas as gravadoras e editoras (troque aqui pela indústria cultural correspondente). Claro que a gente ainda precisa descobrir como faz dinheiro – e por enquanto a receita é individual.
Atordoamento segue: cheguei atrasada à desconferência do Silvio Merira no Barcamp: como a rede transforma a gestão pública. A santa e linda da Marina Miranda transmitiu ao vivo e gravou tudo. O que me tocou? O paralelo da administração com o processo evolutivo. “Política tem que ser meio para sobrevivência. É preciso inovar para sobreviver –porque o contexto muda o tempo todo é preciso adaptar-seàs mudanças o tempo todo”, disse @slmr. A fala do Silvio é inspiradora, e lembra pilares importantes que servem não só para políticas públicas, mas para a administração de empresas e para as nossas vidas pessoais:
Vivemos uma fase de transição de grandes audiências para interação econectividade. Para deixar mais claro: temos dois modelos de comunicação: de um para muitos (TVs, rádios e jornais, a mídia de massa como foi construída) e de muitos para muitos (as tais redes sociais). Interessante é ver que os comunicadores/disseminadores investem grandes somas de tempo, recursos e trabalho para eentender e se incluir no processo deinteração. Como tudo isso influenciará os processos de construção de políticas públicas? Quais serão os influenciadores? Como protegeremos nossos dados?
Outra coisa que me chamou a atenção, na posição do Sílvio, foi que ele não acredita em democracia direta – plebiscitos – para todos os processos. Ele usou como exemplo a Califórnia e seu gigantesco deficit orçamentário. Juro que pensei em políticas que realmente acredito fundamentais para o Brasil, como a legalização do aborto e outras leis que são importantes para a internet, como o Marco Civil.
O dia seguiu confuso, cheio de palestras e bons encontros. Luli Radfahrer, Gil Giardelli, Rodrigo Yoda. Ainda gravei um videopost (meu primeiro) para o Blog do Pagseguro, o que atrasou e confundiu o primeiro LuluzinhaCamp FlashMob da edição 2010.
Para fechar o dia, fomos colaborar com o Campus Babes, iniciativa do Silvio Tanaka, Alexandre Ferreira e Toca dos Fotógrafos que está registrando a mulherada inscrita na Campus Party 2010. Uma mais bonita que a outra, diga-se.
Juro que fiquei na arena atá a uma da manhã do dia 27, tentando terminar este post. Não rolou. Barulho, fome e confusão não colaboraram para o bom andamento da escrita. Nem os muitos anos de redação ao velho estilo salvaram. Enfim, aqui está o relato quase completo do segundo dia (27 de janeiro) de CampusParty 2010.
foto: Manoel Netto, em CC