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10
jun
2010

As árvores de São Paulo 1ª Parte

Marginal, por HenrikeGodoy, em CC

Marginal, por HenrikeGodoy, em CC

Sim, São Paulo é a cidade do concreto, mas também tem suas árvores. Quem nunca viveu uma tempestade e ficou sem telefone ou energia por conta delas que diga o contrário. Embora a capital paulistana vire suas costas ao verde, restam os traços da Mata Atlântica que um dia cobriu nossas ruas e avenidas. Nos seus 466 anos de vida, a antiga Vila de Piratininga, nascida ali no delta formado pelos rios Tamanduateí e Anhangabaú, viu tudo mudar.

Dos ares temperados, que nos renderam o apelido de terra da garoa, passamos pela transformação do ciclo do café – e a nossa Avenida Paulista foi construída sobre o que os indígenas chamavam de caaguaçu – a grande floresta, da qual restam os dois quarteirões cercados do Parque Trianon. O urbanismo do final do século 19 trouxe da Europa ruas e avenidas largas, com árvores. Esta história está inteira no livro Árvore Cidade – São Paulo, de Mariana Vaazer e Roberto Rinbinder, com fotografias (lindas) de Cesar Duarte, publicado pela editora Uiti.

Achei o exemplar num pufe da Cozinha da Matilde. Apaixonei à primeira vista. E o que eu quero aqui, não é resumir o conteúdo – porque o livro, embora caro, está à venda na Livraria Cultura (basta você clicar ali em cima que você chega direitinho na página). Quero é contar das espécies que habitam nossas calçadas e parques. E pedir para que vocês prestem atenção a elas. Vou dividir este artigo em duas partes, porque são 18 espécies e isso vai ficar grande…

Alfeneiro

Licustro por Mauro Guanandi, em CCUma das árvores mais comuns, o alfeneiro já foi considerado uma árvore “ideal” para plantio nas calçadas e avenidas. Você percebe a sua presença na florada. Suas pequenas flores brancas são puro néctar para passarinhos e abelhas e enfeitam a cidade. Quer vê-los? Na Liberdade, margeando a ligação leste-oeste, no canteiro em frente da Casa das Rosas, na Paulista e também em frente ao Pátio do Colégio.

Cipreste Italiano

Museu do Ipiranga e seus ciprestes, Rodrigo Soldon em CC

Foto: Rodrigo Soldon em CC

Ele é da espécie sempervirens – está sempre verde. Alto e triangular, é árvore típica do Mediterrâneo. Há muitos exemplares nos jardins do Museu do Ipiranga, no Cemitério da Consolação e do Araçá e em algumas calçadas metidas a besta no meio dos Jardins (Rua Bélgica, por exemplo).

Espatódea

Espatódea, Maurício Mercadante, em CC

Espatódea, Maurício Mercadante, em CC

Tem uma desta na diagonal direita da janela do meu escritório… Nativa da África, onde era usada pelos curandeiros, também é conhecida como tulipa africana. Quando ela está na florada, a copa fica tomada de um tom alaranjado intenso e a gente vê de longe…

Elas estão na Praça Princesa Isabel, no centro, na João Moura, depois da Amália de Noronha e em muitos outros cantos da cidade. Já viu uma?

Eucalipto

Eucalipto, Silvio Tanaka, CC

Foto: Silvio Tanaka


Trazido para São Paulo em 1911 pelo agrônomo Navarro de Andrade, a espécie nativa da Oceania forma um verdadeiro corredor verde na República do Líbano e no Parque do Ibirapuera. É inesquecível a sensação de chegar ao Ibirapuera, caminhando pela Brasil, atravessar os cinco primeiros metros de floresta e dizer adeus ao som do trânsito. Sem contar que eucalipto, quando a poluição permite, deixa o ar mais cheiroso…

Figueira-Bengalensis

Figueira Rubayiat, Dainee, CCA árvore grande e robusta dá até nome a restaurante. Além do exemplar na Haddock Lobo, há um outro no jardim da Pinacoteca do Estado. São lindas, ligadas à espiritualidade e nos lembram que o ser humano é feito pra ser irrelevante.

Figueira-Benjamina

Figueira no Parque do Ibirapuera

Foto: Antonio Carlos Castejón, CC


Esta eu sempre chamei de fícus. Começa pequena, nos vasos e, se vai pra calçada, costuma dar trabalho – as suas raízes são agressivas e costumam gerar problemas. Por isso mesmo, são mais adequadas a parques e grandes áreas de Jardins. Há uma linda na Rua Venezuela, entre a Avenida Brasil e a Rua Estados Unidos. Na Paulista também há vários exemplares sensacionais. Era a árvore que enfeitava a minha janela, até que a doceira sofreu o problema das raízes. A árvore caiu, infelizmente.

Figueira-Microcarpa

Figueira do Largo da Memória em S. Paulo

foto: Dornicke, em CC


Trazida por um francês para urbanizar o Campo de Santana, no Rio de Janeiro, esta é conhecida como a figueira que anda. Tudo porque as raízes aéreas atingem o chão e dão esta impressão. São Paulo tem dois exemplares lindos: uma no Largo da Memória, no Centro e outra próxima à Serraria do Parque do Ibirapuera, que foi eleita a Árvore de São Paulo, no aniversário de 450 anos da cidade.

Guapuruvu

Guapuruvu, típica do Brasil, na Austrália...

foto: Tatters, CC


É coisa nossa. Seu verde e amarelo vem da Mata Atlântica original. E linda de viver. Há exemplares na Paulista, na Marginal (se o prefeito Kassab não cortou na reforma), no Vale do Anhangabaú. Ver esta florada vale prêmios e ilumina de ouro o nosso concreto. Ah, antes que eu me esqueça, guapuruvu quer dizer “canoa que brota do chão” em tupi-guarani.

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ecologia, Rede Ecoblogs

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