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26
fev
2012

Sobrepesca e degradação em São Paulo = más notícias

congelado, melissa elkind, CC-BY-NC-SA

Ainda lembro de caminhar com a mãe até o fim da praia de Astúrias, no Guarujá, para ir buscar o peixe do almoço. A caminhada pela praia era “passeio” de pelo menos uma vez por semana, nos verões. Eu era menina – infelizmente, faz tempo. Hoje as crianças que frequentam aquelas praias não imaginam que algum dia já existiram pescadores. Realidade diferente de outros cantos, em que os pescadores ainda resistem. E onde os peixes sumiram.

Excesso de pesca, degradação do meio ambiente, poluição. Cada um destes fatores contribuiu, ao longo dos anos para literalmente detonar os peixes aqui no Estado de São Paulo. A tristeza que senti ao ler o relato do repórter Hérton Escobar, do Estadão, este domingo vai além da história dos pescadores. Me faz lembrar dos inúmeros alertas que a gente dá: apesar de pouco visível, a nossa atividade no planeta está detonando a vida nos mares também.

Aqui em terra sumiram florestas, as onças não têm onde ficar por conta de condomínios. Lá na beira do mar já não se tem peixe fresco. O peixe falta não só por conta dos condomínios, nem do aumento da presença de gente. E, sim, a presença de gente tem seu tanto de responsabilidade na falta. Porque a gente faz lixo, esgoto que é jogado no mar, usa jet ski, lanchas e outras coisas que vão erodindo as bases da vida.

Chama a atenção uma frase, da moça do IBAMA, na matéria: os recursos pesqueiros são renováveis, mas se você não deixar que se renovem, acaba mesmo. Cê jura? E o que qualquer órgão público fez nos últimos 30 anos para ajudar, evitar ou resolver a questão? Quem está alerta sabe a resposta. Segundo os especialistas ouvidos pelo Hérton, é a face local de um problema global: a pesca está à beira do colapso em todo o mundo. Por conta da sobrepesca, da degradação dos ecossistemas e da poluição. Enquanto isso, os japoneses teimam em caçar baleias e dizimar golfinhos. Mil terremotos e tsunamis pra eles, que castigo pouco é bobagem.

Ou a gente imagina que aquelas montanhas de peixe (carne, frango, porco…) que encontra no supermercado saiu de onde? Sim, estas más notícias são efeitos da população humana no planeta. E me deixam triste por saber que o meu sobrinho, com pouco mais de um ano, provavelmente não vai passear com a mãe em busca do peixe saído da rede do pescador – e nem brincar com conchinhas vivas na beira da praia.

Não era este o legado que eu gostaria de ter deixado.

Foto: melissa elkind, CC-BY-NC-SA

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ecologia

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