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31
out
2011

O Brasil não cuida de suas mulheres #sejarosa

David Jay, The Scar Project
Saúde é coisa séria, não? Pois para cuidar da sua saúde, não basta falar, tem que fazer. Saiba: o câncer de mama mata 30 mulheres por dia, 50 mil por ano (no mundo). No Brasil, um quarto (25%) dos diagnósticos termina em morte – são 11 mil por ano, hoje – e aumenta todo ano. O resultado é sinistro: esta é a principal causa de morte entre as mulheres brasileiras com até 50 anos, só perde para as doenças cardiovasculares.

E o acesso ao mamógrafo é a peça-chave para evitar este desastre anunciado. Para ter mais informações sobre isso, conversei com a Dra. Linei Urban, coordenadora da Comissão Nacional de Qualidade em Mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR).

Este ano, o governo federal destinou R$ 4 milhões para os programas de prevenção e combate ao câncer de mama. Segundo a Dra. Linei é mais que suficiente – se o dinheiro for bem aplicado. A grande questão é que os aparelhos estão muito mal distribuídos pelo Brasil. Temos 3.600 mamógrafos, dos quais menos da metade (1.500) prestam serviço para o SUS. E muitos estão parados por falta de manutenção ou porque ainda não foram instalados. Isso significa coisa de US$ 75 mil a US$ 340 mil jogados no lixo!

Temos mamógrafos mais que suficientes para atender a população de mulheres brasileiras com mais de 40 anos. Só que… há uma concentração de equipamentos no Sudeste e Sul do Brasil, enquanto Amazônia e Nordeste padecem da falta de aparelhos para detecção precoce do câncer de mama. Que eu saiba, o cidadão é o mesmo em todo o Brasil, confere?

A grande questão, para quem não sabe é: quando a gente consegue detectar um tumor antes de 1 cm, a chance de sobrevida é de 95%. E com a mamografia rotineira – feita uma vez por ano a partir dos 40 -, a mortalidade por câncer de mama diminui 30%. Sim, 30%. Só que, no Brasil, a mortalidade por câncer de mama aumenta ano a ano. Apesar do Outubro Rosa. Apesar dos muitos textos e alertas.

As razões são muitas. Primeiro: a mulherada (parece) não se cuida como deveria. Isso aparece na questão do câncer de mama, do aumento das doenças cardiovasculares. Têm medo da dor do exame, de descobrir que têm câncer, de perder o cabelo. Segundo: não há acesso aos mamógrafos. Terceiro: quando a gente consegue o exame, nem sempre a qualidade é a que deveria ter.

Sim. Segundo a Dra. Linei Urban, apenas 10% dos mamógrafos do Brasil (360) têm o selo de qualidade do CBR. Este selo garante que o aparelho tem manutenção; a dose de radiação está certinha; a imagem permite o diagnóstico e que o profissional teve treinamento adequado para fazer o laudo.

Para complicar a situação, o SUS é algo complexo. Se ele funciona lindamente em Curitiba – que, além do Mãe Curitibana (leia o link para dar um tempo em notícias ruins), tem um programa específico para a prevenção de câncer de mama – pode ter certeza que nos cafundós (ou aqui em São Paulo, mesmo), é uma roubada sem tamanho.

Tem como resolver? Tem sim. A gente tem que lutar pelos nossos direitos – ao diagnóstico, por exames de qualidade, serviços de saúde que funcionem, investimento correto das verbas (que são públicas e, portanto, nossas). Haja luta. Mas nossa saúde vale cada centímetro de nossa exigência. Porque, afinal, se você é brasileira, não desiste nunca – de lutar por um país melhor pra todo mundo.

Seja Rosa contra o câncer de mama

Este post faz parte da blogagem coletiva #SejaRosa, do LuluzinhaCamp, parte do #OutubroRosa2011

Foto: David Jay, The Scar Project, com autorização do autor

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