foto: Danny Perez Photography, em CC
Enquanto a nossa Carol manda muito bem nos posts “Flor do Dia“, o mundo vive um impasse: o sumiço das abelhas (e, diga-se, o adoecimento dos morcegos também assusta). A morte das abelhas melíferas é um aviso para todos nós de que a saúde do planeta corre perigo. As abelhas são os mais importantes agentes polinizadores e tem uma função vital na cadeia alimentar – estima-se que um terço do alimento humano dependa da polinização das abelhas.
Eu despertei para o assunto por conta da movimentação do Avaaz em torno do tema, culpando um inseticida. Ao ir além dos artigos naturebas, que culpam coisas inócuas como a radiação dos celulares – nada contra, mas a ciência em primeiro lugar, sempre – fui ler o relato de Diana Cox-Foster e Dennis VanEngelsdorp na Scientific American Brasil, publicado em 2009. Primeiro veio o susto: como assim, um assunto sério, que ameaça a nossa segurança alimentar não é noticiado? Depois, arrepiei com a descrição de como o distúrbio de colapso de abelhas foi descoberto.
Dave Hackenberg ganha a vida transportando abelhas européias: ele coloca as colméias no caminhão e segue de campo em campo, polinizando culturas tão diversas quanto melões na Flórida, maçãs na Pensilvânia, mirtilos no Maine e amêndoas na Califórnia, movimentando-se ao longo da Costa Leste e, com freqüência, de costa a costa.
Repetindo a rotina dos últimos 42 anos, no outono de 2006, ele migrou com a família e as abelhas da casa de verão, no centro da Pensilvânia, para o abrigo de inverno na Flórida central. Os insetos haviam acabado de cumprir a obrigação, polinizando floradas de abóbora na Pensilvânia e agora pegariam o último fluxo de néctar dos picões pretos na Flórida. Segundo Hackenberg, quando ele verificou os polinizadores, a colméia “fervia” de insetos. Porém, ao retornar um mês depois, fi cou horrorizado. A maioria das colônias restantes sofreu perdas de inúmeras operárias. Restaram apenas as operárias jovens e a rainha, que pareciam saudáveis; mais da metade das 3 mil colméias estava completamente vazia, embora não houvesse abelhas mortas à vista. “Era como uma cidade fantasma”, contou Hackenberg quando nos telefonou buscando uma explicação para o desaparecimento misterioso.
Ler este artigo foi uma aventura. Embora os pesticidas estejam, sim, sob suspeita, não há prova científica de que são os responsáveis. Todavia, nos países em que o tal pesticida alvo foi suspenso (Alemanha, Itália, França e Eslovênia), há notícias de aumento na população de Apis Mellífera, também segundo o e-mail da Avaaz.
Não vou entrar no mérito da questão. Se a empresa que produz o tal pesticida não é santa (já tirou até blog do ar), ir ao outro extremo não produz – até porque quem inventou esta história fomos nós e seremos nós, humanos, quem terá que resolver onde é o ponto de equilíbrio. Vale registrar que com abelhas sob risco – e outros polinizadores, como os morcegos – nossa segurança alimentar está, sim, ameaçada seriamente. Porque sem comida – principalmente frutas – a gente está é bem perdido!
Pensem nisso.