imagem: k9mq (Mark), em CC
UFA! Já não era sem tempo. Eu sempre estranhei a falta de fazendas de vento (e solares) aqui no Brasil. A produção de energia eólica é uma das formas mais bacanas e sustentáveis de produção de energia elétrica – e não é pra qualquer um. Como em qualquer outro setor, é preciso além da tecnologia, de mão de obra qualificada.
O Brasil pode ser uma grande potência eólica nos próximos anos. Um novo mapeamento mostra que o potencial dos ventos brazucas podem gerar 300 mil MW – mais que toda a capacidade (eólica) instalada no mundo, de 158 mil MW. Para se ter uma ideia, cada catavento mais alto que o Cristo Redentor produz 5 MW por hora. Com isso se abastecem 100 mil residências em um ano!
Taíba, a 55 km de Fortaleza, já tem a sua usina em funcionamento desde 1999. E a multinacional Ebercon (alemã) já instalou outras 16, depois de enfrentar a descrença dos governos e concessionárias. A pioneira já tem concorrentes, como a argentina Impsa e a americana GE. A francesa Alstom vai inaugurar a sua unidade na Bahia em 2011 e ainda estão na fila a espanhola Gamesa, a indiana Suzlon, a dinamarquesa Vestas e a Siemens.
Até um ano atrás, o preço da energia eólica era inviável para a realidade brasileira. Mas o vento virou e os projetos deixaram de ser sonho de ambientalista para se tornar alternativa de abastecimento energético no Brasil. Tudo porque a gente saiu rápido da crise econômica enquanto as fábricas e equipamentos ficaram às moscas lá fora – e o nosso consumo de energia subiu 12%.
A concorrência está fazendo bem aos preços. No primeiro leilão de energia eólica, em 2009, os valores ficaram em R$ 148/MW. Em 2008, custavam mais de R$ 200. E o preço hoje é mais baixo que os das pequenas centrais hidrelétricas e usinas de biomassa. Os leilões representam a construção de 161 usinas até 2013 – hoje temos 45. A capacidade instalada vai crescer até sete vezes, saindo de 700 MW para 5.200 MW. Para fazer isso, entrou uma montanha de dinheiro: R$ 18 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
Além disso, a Suzlon, além de implantar a sua usina, vai produzir as máquinas aqui. A fábrica terá capacidade para produzir até 600 pás e 500 MW de turbinas por ano. Outra que está correndo para trazer a fábrica para o Brasil é a Siemens, que deve se instalar no Nordeste. Explica-se: é por lá que temos os ventos mais constantes.
O melhor de tudo? Além de energia limpa e renovável, o mercado está fervendo com vagas. As fábricas instaladas no complexo industrial de Suape, em Pernambuco, estão sedentas por mão de obra qualificada. Além dos treinamentos de cada empresa, cursos de eletricidade básica e máquinas elétricas (disponíveis no Senai) são os requisitos. Delícia ver dinheiro entrando para isso.