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03
abr
2010

Orcas, mais um predador que constrói biodiversidade

foto: Christopher Michael, em CC

P.S. na busca no Flickr, a maioria das imagens são exatamente dos shows em cativeiro. Poucas, muito poucas fotos em Creative Commons das orcas em liberdade. Esta que escolhi foi clicada no Alaska. Acho que isso fala um tanto do que acontece ao vivo e a cores no mundo 🙁

A treinadora morreu. E o @jampa tuitou: se eu fosse um predador de 5t capaz de cruzar um oceano talvez eu mastigasse a treinadora que me manda fazer graça para turistas (@luciano). Resolvi falar das Orcas porque quando o ser humano se depara com a natureza como ela é, costuma ter a péssima mania de pré-julgar. Ou, pior, não se responsabilizar pela própria idiotice. Tenho compaixão pela mulher morta – e continuo contra cativeiro. Principalmente depois de assistir The Cove (lembram que fiz post?). Piora muito quando o cativeiro serve de entretenimento para pessoas – e vira indústria de milhões de dólares.

Um perfil da Orca, a baleia assassina

Conhecida como Killer Whale em inglês, a Orcinus orca, é o maior dos golfinhos e um dos maiores predadores do mundo. Elas caçam em grupo e são conhecidas por se banquetear com focas e leões marinhos que estão no gelo e até baleias, usando seus poderosos dentes que chegam a 10 centímetros de comprimento. Mas elas também se alimentam de peixes, camarões e aves marítimas. Frequentes em águas costeiras mais frias, elas são encontradas no mundo inteiro, das regiões polares ao Equador.

As orcas vivem em bandos familiares e com até 40 indivíduos e vivem de 50 a 80 anos. No Noroeste do Pacífico (costa do Canadá e norte dos Estados Unidos) as orcas começaram a ser estudadas em seu habitat natural desde 1976. Eu nunca canso de me espantar quanto tempo perdemos para descobrir melhor o ambiente marinho. Existem dois tipos de população: a residente e as em trânsito. Estes grupos podem caçar animais diferentes e usar técnicas diferentes. Os residentes tendem a preferir peixes, enquanto os em trânsito parecem preferir mamíferos. Em comum eles usam técnicas de caça cooperativas e muito eficientes, que são muito parecidas com as usadas pelos lobos.

Medem até sete metros e pesando até seis toneladas, as baleias usam uma grande variedade de sons para se comunicar e cada bando tem seus sons identificadores, que os membros podem distinguir à distância. Eles usam sonar para se localizar e caçar, usando os sons para revelar forma, tamanho e localização do que encontram ao seu redor. É um comportamento cetáceo típico. Sua marca individual é a barbatana dorsal, com seu tamanho, forma e cicatrizes. Também são as formas das barbatanas que diferenciam os grupos residentes dos em trânsito – como as manchas brancas na barriga diferenciam machos de fêmeas.

Como todo bom mamífero faz, as fêmeas protegem e cuidam dos seus filhotes . Elas se tornam maduras aos 13 anos, a gestação dura 17 meses e a cada intervalo de três a dez anos têm outro bebê. Em 2001, o Canadá listou a comunidade do Noroeste do Pacífico como ameaçada. E você pode conhecer a vida destas orcars melhor na Nature Network, que transmite ao vivo vídeos e sons capturados no Johnston Straight, Canada.

A treinadora morreu. E Tilikum continua preso. Pra quê?

Sobre o acidente do Sea World: está na hora da gente repensar um tanto nossa forma de viver. Assino embaixo do Editorial de Paul Watson, do Sea Shepherd, a respeito do ataque de Tilikum à treinadora.

Eu não posso culpar Tilikum. Se eu fosse retirado do oceano e jogado em uma cela de concreto por quatro décadas, eu estaria sujeito a ter um acesso de raiva também. Nenhuma pessoa sensata anda sem escolta por todo o pátio de exercícios de uma prisão de segurança máxima e é irresponsabilidade que um ser humano vire as costas para uma orca (o predador mais temível do planeta) prisioneira, estressada e irritada.

A propósito, eu conheci Tilikum. Nos anos 80, participei de uma excursão do SeaLand do Pacífico como convidado especial de Bob Wright, o proprietário do estabelecimento. Ele queria que eu visse em primeira-mão sobre o que se tratava o seu negócio. Sentei à beira da piscina e acariciei a grande orca na cabeça. Eu também coloquei a mão em sua boca e coloquei a palma da mão em sua língua para que ele pudesse provar que eu não tinha medo dele. Lembro-me de olhar para o olho esquerdo desse magnífico predador e o que eu vi lá foi resignação e tristeza. Ele não era uma baleia feliz.

A partir de então eu soube, como agora sei, que Tilikum não deveria estar em uma piscina.

Eu acho que o Sea World tem uma única opção honrosa. Eles devem devolver Tilikum para sua casa, no mar. O Sea World tem os fundos, as técnicas e a tecnologia para fazer a coisa certa, tanto para a orca quanto para o interesse da humanidade.

Se o Sea World não devolver Tilikum ao mar, a próxima vez que um ser humano morrer como vítima de uma orca irritada, frustrada, estressada e, possivelmente louca, não será simplesmente uma tragédia: será negligência intencional!

Com informações do Whale Museum, Sea Shepherd, National Geographic.

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