Quem levantou a bola foi dom Gil Giardelli. Depois de ler o livro Enough, de John Naish, Giardelli fez uma belíssima reflexão sobre nossos tempos de hiperconsumo. Em semana de anúncio do novo tablet da Apple – e da experiência constante dos efeitos das ações do lixo e do descaso com o ambiente –, é para se pensar muito sobre isso.
Adorei este trecho do post do Gil:
Robert Trivers da Universidade de Rutger, provou que ainda pensamos como na Era Pleistoceno, a Era do Gelo, quando a maior parte do planeta estava coberta por gelo (aproximadamente de 2 a 10000 milhões de anos atrás). Ou seja, ainda seguimos nossos instintos e acumulamos mais e mais.
Os grandes problemas ambientais de hoje não serão resolvidos sem uma revolução na cultura global. É o que diz o relatório “State of the World 2010 – Transforming Cultures: From Consumerism to Sustainability” (“Estado do Mundo 2010 – Transformando Culturas: Do Consumismo à Sustentabilidade”, ainda sem versão em português), lançado no dia 12 pelo Instituto Worldwatch.
Segundo o relatório, hoje as pessoas encontram significado e satisfação no que elas consomem. E essa orientação cultural tem duras implicações para a sociedade e o planeta. Um cidadão dos Estados Unidos, por exemplo, consome em média, todos os dias, mais do que seu próprio peso. Se todo o mundo vivesse assim, a Terra só poderia suportar 1,4 bilhões de pessoas.
Desde 1960, o consumo aumentou seis vezes, diz o estudo, citando estatísticas do Banco Mundial. Mesmo levando em conta o crescimento global da população, isso quer dizer que hoje cada pessoa consome, em média, três vezes mais que há cinquenta anos. Isso levou a aumentos similares na quantidade de recursos explorados – seis vezes na extração de metais do solo, oito vezes no consumo de petróleo e 14 vezes no consumo de gás natural. No total, são 60 bilhões de toneladas de recursos extraídas anualmente, uma elevação de quase 50% se comparada com trinta anos atrás.
No século 21, com toda a eficiência que já conseguimos desenvolver, não precisamos de tanto. Melhor ter guarda-roupa enxuto (e local, lembre); comida na medida, equipamento necessário – sem excesso de atualização. Embora os Postos de Entrega Voluntária se espalhem, São Paulo, maior cidade do país, ainda recicla apenas 5% do seu lixo. E são 15 toneladas diárias. Fiz neste começo de ano um exercício de redução de lixo. Resultado: caí de dois sacos de 30 litros de lixo por semana para um.
Há formas bacanas de reduzir que pedem comunidades. Exemplo: pais e mães das escolas particulares aqui em São Paulo fazem bazar de trocas dos livros escolares dos filhos. O resultado é economia pura! Lá no LuluzinhaCamp a gente também faz isso no bazar de troca – que nos permite dar destino a livros, perfumes, roupas, bijus. Comprar alimentos em grupo também é vantajoso para o bolso – principalmente quando o fornecedor é o Ceagesp (ou o congênere em sua cidade).
O final da história é: se a gente diminuir muito o nosso consumo – e rápido – não demora para a gente baixar o índice indecente em que cada pessoa consome duas vezes e meia o que o planeta pode sustentar. E nossos filhos e netos terão futuro garantido. Já pensou nisso?
Outra resenha interessante do livro do John Naish está no Go Greener (em inglês)
foto de Compound Eye em CC