Culpa da Matilde, como sempre. Domingão, lá estava eu pra falar de blog e bati de frente com um dos maiores fotógrafos do Brasil, ser humano especialíssimo, vendendo dois de seus livros: Pedro Martinelli e seus dois livros Gente X Mato e Mulheres da Amazônia. Baixou a fã loira (ele tirou foto de mim), conversamos um tantinho de blog – ele também tem o dele, onde escreve sobre fotografia, viagens, personagens e também sobre comida.
Homem doce e atencioso, que de uma forma leve transfere as suas viagens. Não resisti à política de economia absoluta. Comprei um exemplar de Gente X Mato e fiz questão do autógrafo. Folheei o livro rapidamente, conversamos mais sobre o blog – ele está aparentemente satisfeito em ter seu próprio veículo e segui em frente, na programação da Cozinha da Matilde que só quem conhece sabe como é.
O autógrafo, confesso, demorou a ser decifrado: Ainda estamos assim… por enquanto. Confesso que não li a introdução do Marcelo Macca (que deve ser boa). Em casa, com um bom chocolate quente nas mãos, luzes acesas, livro no centro da mesinha de centro (é grande, formato tablóide), comecei a degustar fotos e textos. Ah, a filosofia que o Pedro faz usando fotos gigantes e palavras poucas.
De tempos em tempos, um alerta, um pedido: Visite a Amazônia. Com fotos que mostram o que acontece, de verdade. Às vezes a cores, às vezes preto e branco.
Troncos – páginas que mostram o caminho e as transformações da devastação e da extração de madeira. A pergunta ainda ecoa: para onde vai esta madeira?
Comida – as iguarias e o confronto entre conservação do ambiente e tradição saltam aos olhos. São precisas as frases. Poucas, econômicas, diretas. “A maioria das crianças na Amazônia não compreende quando ouve que na televisão que comer tartaruga é crime ambiental.” Não vou contar o fim do capítulo – tem uma receita passo-a-passo, com fotos e modo de fazer.
Ferramentas – a realidade nua e crua do homem na floresta. Dói, toca. Faz pensar: e se parar, como esta gente sobrevive?
Solidões – Fotos que mostram fatos. Como agir?
Compras – madeira, pele, botijão de gás, elementos do dia a dia. E a pergunta: quem comprou? (o bombom de cupuaçu fui eu…)
Profissões – e suas durezas. Mãos de homem que produzem. Só não se sabe do futuro, mas o que importa é o agora, não?
Moda – retratos de gente, falas de gente, gente que habita a maior floresta do planeta.
Amazônia de Quem? – para fechar, perguntas, muitas perguntas.
Não, Gente x Mato não é um livro de fotos chique, destes que enfeitam as mesas dos novos ricos que querem se mostrar. É livro pra circular, pra ser folheado, lido, degustado, relido. Como o blog do Pedro – que escreve bem e rápido. E deveria estar em cada escola deste país, ser objeto da reflexão de cada um de nós, brasileiros. Porque, parece, se a gente não visitar a Amazônia, perdemos.
Serviço:
Gente X Mato
Editora: Jaraqui
Formato: 27cmX42cm (formato tablóide)
Preço: R$50,00
Venda: Livraria Cultura e Livraria da Vila