Anteontem fiquei sabendo de mais uma notícia chocante: dois jovens fuzilaram um pintor, o Francisvaldo Dias, de 41 anos, pai de cinco crianças, quando ele defendia um vira-lata em Campinas. A notícia foi dada pelo jornal Agora, no dia 7 de março. Esta família ficou sem seu pai, sem seu marido sem sustento. E a minha amiga Yara está em franca campanha para providenciar alguma ajuda e acolhimento para mais esta tragédia. Uma tragédia não-reconhecida, que cai no esquecimento. Os pais de João Hélio e Alana terão todo o consolo do mundo. E esta viúva? E estas crianças? Eles morrerão de fome e frio?
A questão que surge deste fato bárbaro é o abandono da humanidade e a adesão ao mundo dos monstros. Teratos= monstro. Logos= estudo. Perdidos de nós mesmos, perdemos a conexão com o sagrado, descolamos da própria vida e nos tornamos selvagens. Segundo o Houaiss, na medicina, teratologia é o estudo das anomalias e malformações ligadas à perturbação do desenvolvimento embrionário e fetal. Qual malformação acomete uma sociedade inteira que desvaloriza a vida, despreza o que não tem raça (ou grife)?
O fiapo de esperança parece estar em percorrer o caminho anônimo de quem faz o que acha ser necessário pelo bem do coletivo, sem esperar reconhecimento. Nada de passeatas estapafúrdias contra o rei do mundo. É no microscópico que a vida acontece. E os pequenos movimentos têm o poder de multiplicar o bem.
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Imagem do Flickr de Autumn_Bliss, licenciada sob licença Creative Commons.