Ladybug Brasil
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Eu lembro que, com 15, no gramado do Colégio Santa Cruz, eu olhava o céu azul de abril e pensava em 2015 – e nos meus 50 anos. O mundo não é o que imaginei, eu não sou quem achava que seria, a vida, certeza, não é nada do que esperava. [assistam pro dia nascer feliz, do João Jardim e vejam o depoimento de uma aluna de lá agora, no século 21, é exatamente o que senti durante nove anos]
Saí de tantas caixinhas… a caixinha de que menina tem que ter namorado, casar, ter filhos. A caixinha que achava que seria médica. A caixinha que acreditava piamente que sucesso se mede com resultado de conta bancária. O jornalismo virou uma paixão, mas a verdade é que eu gosto mesmo é de comunicar – eu não sou (nunca fui) uma ótima repórter.
Durante muito tempo, depois de sair do colégio-útero, deixei a profissão me levar pra dentro de outras caixinhas. Ia aprendendo, cavando espaços, encontrando gente. E sentindo que não era bem isso. Foram muitos anos de desencaixe nesta vida. Descobrir que não, não sou A repórter. Mas precisei aprender a fazer reportagem e contar a história pra descobrir que sou uma editora bem razoável.
Ao encontrar trabalho numa revista pequena, sobre gravidez e bebês, achei, sinceramente, que tinha achado meu lugar no mundo. Só que não. Hoje sei que aquele foi o lugar de reencontrar a internet e aprender HTML na marra. Enquanto o mundo ignorava a invenção de Tim Berners Lee, eu passava noites navegando, conversando, jogando, no fórum…
Em 2000, já tinha eu uns dois ou três blogs no mundo. E quando fui ver estava à solta na rede, inventando moda, criando novos laços, pensando outras coisas.
Com o novo século, outro milênio, vem, inexorável, o fim. Será uma história memorável? Vai saber. Só sei que está sendo divertida, apesar das dores.
E só tem sentido porque tenho algumas centenas de pessoas que realmente fazem sentido, com quem tenho o prazer de dividir o mundo e sonhar com dias melhores. Só posso dizer: obrigada!
Ilustração: Gapingvoid; destaque: Shutterstock
