o eclipse parcial que ninguém viu aqui no sudeste brasileiro
depois da festa, a caminhada. ruas de sampa palmilhadas:
henrique schaumann – cemitério são paulo (dois carros com duas duplas de moços bobos, ninguém merece) – atravessar H. Schaumann (como brilham os holofotes sobre a faixa!) – benedito calixto (estranho ver a praça vazia, as vitrines apagadas e as luzes piscando pelos prédios) – rua lisboa (eu morei aqui aos 7 anos, as casinhas foram derrubadas, sobe mais um prédio…) – travessa cujo nome nunca guardo e suas casas lindas (uma delas com uma guirlanda iluminada na porta) – chuvisco leve e brisa embalam pela joão moura abaixo (atravesso a rebouças e a gabriel monteiro da silva… a casinha onde funcionava a fundação brecheret, lindinha, já está em reforma, vai virar outro monstrengo moderninho) – rua atlântica, chique, ainda tem guarda noturno com apito (gosto de infância, este apito) – estados unidos – haddock lobo (cada prédio tem uma ou nenhuma janela iluminada. são quatro da manhã? a palmilha da havaiana segue em frente, tranquila, sem tropeços apesar das calçadas. sorrio na frente da print`s e do gato preto; imagino se o restaurante fechou; os olhos vagam pelas janelas escuras) – oscar freire (vestidos interessantes, vitrines delícia, alguém grita feliz ano novo – eu respondo…) – consolação (faltam só três quadras, talvez eu seguisse andando até amanhecer se não estivesse com a bolsa; no último quarteirão mais uma cantada infeliz; o medo de ver gente na rua) – casa!
entre liberdade e medo
uma caminhada
afirmo diferença
caminho e os outros rodam
diferença…
quem caminha é pobre ou livre?
quem caminha é perigoso?
os outros rodam….
foto: SkyFireXII, CC