Fui ver o post do Jorge Rocha, no Exu Caveira e dei de cara com o primeiro livro sobre jornalismo em séculos que me interessa de verdade: Daqui desse Lugar, do Vitor Menezes. Na página, encontro a seguinte informação: edição impressa, de R$ 36 por R$ 29,00. Edição eletrônica R$ 14,00… OPA!
Entrei em contato com a e-paper, a editora responsável, na mesma hora. Show de bola esta história de edição eletrônica. Tem tudo a ver com o post que deixei lá no Faça a sua Parte, sobre parar de usar papel para difundir informação, principalmente os jornais impressos e gratuitos que acabam (na Inglaterra e aqui também) por servir como entupidor de bueiro.
Para minha surpresa, recebi bem rápido uma resposta da E-Paper. Veja as respostas de Ana Cláudia Ribeiro às perguntas da Joaninha:
1. Eu não vejo esta prática em lugar algum no Brasil. Por que? Qual a vantagem da edição eletrônica?
Eu ofereço as duas versões (impressa e eletrônica). Da maneira que a E-papers trabalha (que eu considero
sui-generis) a versão eletrônica é um fac-símile da versão impressa:
diagramação, numeração de páginas, etc. Fazer desse jeito custa $,
então talvez alguns não achem interessante. Eu cobro pelo versão
eletrônica, em geral, a metade do preço do impresso, para encorajar os
usuários principalmente. Essa versão tem alguns custos, principalmente
o que os economistas chama de “custos de transação”, mas o fato de
dispensar a impressão possibilita que seja mais barata. E mais
ecológica, claro.
Como vantagens (sempre pensando em termos de Brasil) eu lembro que
a entrega é muito mais rápida e não se cobra frete, o que pode ser
complicado no interior. Também possibilita busca por palavra-chave no
conteúdo, que ajuda muito nas pesquisas. E é bem mais fácil de
carregar na mudança 🙂
2. Tem alguma desvantagem para vocês como editora?
A desvantagem, claro, está relacionada à pirataria. Acho eu que
isso também desencoraja as editoras grandes. Mas pensando que se tiram
milhares de cópias xerox nas universidades, eu diria que a impressa
também sofre com este mal.
3. E para o autor (quais as vantagens/desvantagens)?
O autor, em geral, recebe o mesmo valor para as duas versões,
então não vejo diferenças. Ele pode inclusive citar o livro em sala de
aula, que o aluno vai encontrar direitinho a citação no eletrônico.
4.A implantação deste sistema foi custosa?
Do jeito que ele está hoje, sim. O sistema que usamos aqui é todo nosso, diferente de outros, e levou alguns anos sendo
aperfeiçoado. Vamos lançar, breve, um novo sistema que vai permitir que
as bibliotecas também comprem eletrônicos (hoje isso não é possível).
5. Quais as resistências que vocês enfrentam? (tendo a acreditar que toda inovação sofre resistência…)
No início, muitas. O eletrônico era quase experimental, somente
os mais ousados adquiriam. Os autores, também, era mais resistentes,
tinham medo da cópia. Hoje, como estamos mais conhecidos, e mais gente
usa, tem alguns livros que vendem 70% eletrônico e 30% somente de
impresso. Tenho pouquíssimos autores hoje que não oferecem eletrônicos
como opção de venda. Eles também perceberam que cópia por cópia, tanto
faz ser xerox ou pen-drive… E o preço mais baixo do eletrônico
elimina a desculpa padrão do aluno para a cópia: “o livro é caro”.
Fica a dica – do livro e da editora. Aliás, um passarinho me contou que tem um blogueiro no meu blogroll que vai lançar livro pela E-Paper. Alguém arrisca um palpite?