Ladybug Brasil
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No fim do ano passado, recebi o livro Diga 33, da Ediouro. Ainda estava sob o choque de perder a Charlote para o FIV e confesso que o buldogue na capa quase me colocou para correr. Ainda bem que foi quase. Porque a história de um dia do Dr. Nick Trout (cirurgião veterinário no Angell Animal Medical Center, em Boston) foi um bálsamo. E, devido às fortes emoções que ainda estão presentes, esta resenha não pode – e nem vai – ser muito objetiva. Compartilho com vocês o que me tocou deste livro tão especial.
Você começa a aventura com este veterinário no meio da madrugada, às 2h47, e a narrativa solta e clara simplesmente segura a sua atenção. Em meio a nomes técnicos, problemas cirúrgicos e consultas, o autor mostra o que há de mais belo na relação entre o homem e o seu bicho de estimação – seja gato, cachorro ou tartaruga. O amor, o cuidado, o carinho, este lugar tão especial e forte que os animais têm em nossas vidas [enquanto escrevo, ouço lá longe, na sala, alguns gatos brincando de pega-pega…]
Leia esta, logo na página 20:
Os animais de estimação são o cinto de segurança que temos na montanha-russa emocional que é a vida; são confiáveis, nos mantém seguros e tornam a viagem menos atribulada.
Existe um outro trecho mais ainda inspirado, lá na página 125… Mas este eu não vou contar aqui (no fim do post você vai entender). Entre uma cirurgia e o desejo por um café, o veterinário de plantão nos mostra como é a formação de um cirurgião (nos Estados Unidos), as mudanças que a profissão teve nos últimos anos; os medicamentos, os exames – e a resistência dos proprietários em pagar por eles.
Se você já passou por questões veterinárias mais sérias do que vacinas e vermífugo, tenha certeza de que as histórias de Taco, Barron, Belle, Wooly, Winnie e muitos outros o farão torcer, sorrir e, talvez, até chorar. Ele não tem papas na língua para falar de nada, muito menos de lástica em animais ou eutanásia. “O compromisso com um gato ou um cachorro é vitalício e, infelizmente, às vezes essa obrigação inclui protegê-lo do desconforto e da dor, mesmo que isso signifique eutanásia”. Lá nos Estados Unidos, eu percebi pelo livro, eles tratam do “colocar para dormir” de forma ligeiramente diferente do que a minha experiência no Brasil.
Me inspirou saber o outro lado, o que acontece com quem faz o procedimento. Saber que, sim, a taxa de suicídios entre veterinários é quatro vezes maior que a média do Reino Unido. Este veterinário que mora lá nos arredores de Boston me emocionou com a sua humanidade, com a sua compaixão, por seu compromisso com a cura e com a vida – dos animais e de seus donos.
A história dos gatos voadores, por exemplo, me trouxe sorrisos. Gargalhei com as rígidas regras pós-operatórias e de alimentação. Me interessei pelo capítulo exóticos, onde ele fala de bichos diferentes. E a imagem da memória do próprio veterinário, ao descobrir sua vocação ficou colada na minha mente – mesmo com o livro fechado.
Preciso dizer que adorei o livro? Foi uma bênção que devo agradecer ao @vtheodoro e à Frog. Obrigada!
Update: o santo do Vinny achou para mim o embed do vídeo que está no hotsite (e é sensacional). Vejam:
Dois recados importantes:
Eu fui voluntária de entidades de proteção animal por tempo suficiente para saber das mazelas de que padecem os cachorros e gatos – no mundo inteiro. Aqui em Sampa mesmo, está rolando uma petição para trocar o diretor do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) que está causando um retrocesso em muitas vitórias conseguidas. Se você concordar com o texto, eu peço a sua assinatura.
O livro será sorteado. Para participar, você tem que escrever um post sobre uma história sua com um cachorro ou gato. Mande o trackback ou avise nos comentários que escreveu. Eu vou escolher o melhor segundo os seguintes critérios: tocou o meu coração, está bem escrito e acrescenta algo à vida dos animais com os quais convivemos. Todos estão convidados. O prazo, em homenagem à @missmoura será dia 17 de março. Detalhe: prometo apagar os grifos que fiz, a lápis 😀
