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03
nov
2009

Projeta Brasil: Besouro, um mito

foto: Paulo Mussoi/divulgação

foto: Paulo Mussoi/divulgação

Senti cheiro de história boa no trailer, a promessa de diversão e luta num filme brasileiro… E fui, feliiz e contente, ver o pré Projeta Brasil, que acontece na próxima segunda, dia 9 de novembro, com o filme Besouro: Nasce uma Lenda. Besouro Mangangá – Manoel Henrique Pereira -, brasileiro, negro, nascido em 1897 em Santo Amaro da Purificação chega às telas. Mas antes a gente precisa aturar longos minutos de logotipos, porque vocês sabem, o filme custou caro…

Besouro é divertido. Traz o mito do jeito que os mitos são: confusos, sem clareza, a gente não sabe ao certo onde vai a história. A criança vira adulto, o adulto briga por uma liberdade – tateando às cegas, com a ajuda do mestre já morto e dos muitos orixás. Aliás, as aparições onírica dos orixás do candomblé, são caso a parte. Nunca tinha visto esta religião tão bem contada – embora não seja o centro do filme.

Embalados pela boa música tema – pesada – e pelo som da roda de capoeira, os personagens têm duas cores: pretos e brancos. E sim, o mal é branco. A opressão é branca. As cores, a ginga e a magia são negros, têm narizes não afilados, músculos fortes, mãos que trabalham. Usam algodão branco. Trabalham como escravos, sem discutir, sem levantar a voz, sem olhar no olho do homem branco.

O filme embala nos brancos brasileiros todo o preconceito que com certeza carregam. E mostra o negro brasileiro em busca de uma liberdade que, ao fim e ao cabo, parece ser só poder jogar a sua capoeira em paz. É pouco, muito pouco. Falta ao roteiro exatamente a presença de espírito de ir além. Eu fui esperando revanche. Saí derrotada – aliviada com uma determinada cena em que uma mulher negra manda muito bem (sem spoiler, vá ao cinema), com as cenas oníricas e belas dos orixás e da busca por liberdade e com um gosto estranho na boca. Onde estavam mesmo os negros na platéia? Não havia nenhum.

O site do filme, no entanto, deixa claras as intenções do diretor e a origem do filme – um livro que reúne os contos sobre o Besouro Mangangá. Que poderia, sim, ter ganho um roteiro mais amarradinho…

Projeta Brasil – em toda a rede Cinemark, na próxima segunda, dia 9 de novembro, só filmes brasileiros. Cada sessão custa R$ 2,00 e a renda é revertida para projetos diretamente ligados ao cinema.

P.S.:Estou  curiosa para ler o que o Mafra, que estava no cinema com a gente, vai escrever. Nossa conversa pós-filme foi muito boa, graças à crítica clara, ácida, inteligente e bem-humorada.

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