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24
mar
2012

Paisagens da ecologia no Brasil, do ponto de vista político e econômico

I am Jack the Lumber, pasukaru76, CC-BYSábado. Chico Anysio morreu ontem. E a manchete acima da foto de um dos maiores comediantes do Brasil diz: Dilma assume negociação para aprovar lei ambiental. Como assim, Bial? Para não fazer feio na conferência Rio+20, que acontecerá em junho, não há o que diga aos ruralistas – que produzem uma boa parte da balança comercial, têm poder econômico de sobra e suficientes representantes para seus direitos – que não, este Código Florestal não serve ao país, nem aos seus interesses.

A história é que o novo Código Florestal não serve a ninguém. Ok, ele não ficou tão ruim quanto era exatamente porque gritamos. Aqui mesmo você encontra diversos posts pedindo mudanças e luta. A galera da cidade fez um pouquinho para evitar o desastre que se anunciou quando tivemos conhecimento do texto original. Já tivemos campanha pelo Avaaz, passeatas em Brasília… me diga, então, se você conferiu a origem da madeira, da carne, da comida que comprou? Porque este povo faz estes absurdos para vender coisas que, de um jeito ou de outro, nós estamos comprando – seja aqui no Brasil como no resto do mundo.

Nada convence os representantes dos “ruralistas” de que manter mata nativa, preservar mata à beira dos rios e cuidar do meio ambiente são ações fundamentais para o futuro. Não só do planeta, do Brasil, mas também dos seus filhos e netos. Eu gostaria de saber quem são estas pessoas. Quais são seus nomes, seus rostos. Porque me lembro de outra matéria, publicada no mesmo jornal, em que os agricultores de São Félix do Xingu, o maior município brasileiro (em tamanho físico), mostravam como estão ganhando mais trocando pastagem por plantação de cacau e recuperando a mata que foi derrubada.

Claro, a reportagem sobre São Félix tinha um quê de campanha para dar fim ao corte de verbas que atingiu o município por conta do desmatamento. Por lá motosserra é acessório fundamental e derrubar Amazônia é o trabalho de todo dia. Duvido que o pessoal da terra veja as coisas como o repórter contou. Porque a maior resistência, já sabemos, vem mesmo é da gente da terra, que acha que vender madeira é muito mais negócio que manter a árvore em pé.

Para quem mesmo este povo está vendendo madeira? Sim, bebê, para você e para mim. O que matéria nenhuma mostra é para onde vai a madeira. O que ninguém quer fazer é descobrir onde está o consumidor. Porque somos todos nós. Sempre espanta, claro, como a galera no interior dá conta da conversa de produzir, porque claro, não há como escoar decentemente a produção. No caso da madeira é mais fácil, porque ela flutua pelos rios e pode ser levada a lugares mais acessíveis…

O Ministério Público Federal já ataca esta questão da origem da carne. Supermercados e frigoríficos, por conta de um acordo, têm que garantir que a carne que oferecem não foi criada em áreas desmatadas da Amazônia. Sim, porque os ruralistas, estes seres inteligentes, destroem um bioma riquíssimo pra plantar boi, como dizia o meu avô. Como eu gostaria que houvesse mais homens como ele (e, mais difícil, Chico Anysio) no Brasil! Gente que conserva suas riquezas e sabe manejá-las para que sirvam não só ao seu bem-estar pessoal, mas ao futuro. Gente que constrói coisas belas, que sabe como manejar seu ambiente para construir futuro. Que mantém, conserva, produz comida na mais santa paz.

O que o Índice de Felicidade da FGV tem com isso?

No mesmo dia, com menos destaque, claro, também ficamos sabendo que a Fundação Getúlio Vargas vai lançar um índice de felicidade do Brasil, porque o PIB não dá conta de medir a economia. Duh! Nem pensar em fazer um índice de sustentabilidade, né, tios? Porque vejam, a nossa satisfação (quem aí é feliz o tempo todo manda a receita, por favor) importa muito mesmo para a economia. Não, não, não. Tá na hora de parar de ser bebê recém-nascido que precisa de desejos básicos atendidos e ser adulto: vamos medir o que importa!

Qual o impacto das nossas atividades econômicas? O quanto elas realmente estão detonando? Se a gente souber o tamanho do estrago, costuma ser mais fácil resolver as questões fundamentais. Só que o nó ecológico é complexo, envolve variáveis muitas e exige uma coisa que o capitalismo, de forma geral, abomina: redução de consumo. E quando eu penso nisso, me dou conta de que realmente a solução da equação difícil não está fora, lá no governo federal, estadual, na instituição renomada. A solução somos nós. Se cada cidadão, bem informado e consciente das consequências de seus atos (de consumo, de comportamento, de vida), tomar uma boa decisão a cada instante, o mundo melhora.

Vai ser fácil? Não. Mas tá aí um bom combate. E, sim, eu citei Paulo Coelho! 😀

Foto: pasukaru76, CC-BY

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Categorias:
ecologia

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