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01
dez
2008

Dia Mundial contra Aids: por boas notícias


(red ribbon do flickr de trygveu – ele também procurou uma fitinha e não havia em CC, então fez uma)

A primeira grande dificuldade para começar este post foi encontrar uma imagem da fitinha que representa a luta contra a Aids em Creative Commons. Graças ao estudante norueguês de Engenharia Trygveu, que passou pelo mesmo problema, encontrei uma no Flickr. Creative Commons em geral não desampara…

Enquanto o G1 mostra como é que se faz jornalismo, o Ministério da Saúde entra com força total contra o preconceito e deixa sua marca nas principais cidades brasileiras e haverá muita gente republicando o texto da AFP que estava no ar já na sexta, quando fiz o post de convocação. Não direi que não me senti tentada, porque o texto é bem bom. Cada um faz o que pode, como pode. A gente sabe bem as dificuldades intrínsecas à produção de conteúdo.

Dados e informações

Sobra informação – na rede e fora dela – sobre HIV/AIDS. Aqui no Brasil, a gente tem muito pouco para resmungar. O programa de atenção à saúde do Ministério – criado graças aos muitos movimentos civis organizados, diga-se –, dá conta de atender a população portadora garantindo qualidade de vida e acesso aos medicamentos. Coisa que não acontece na África, por exemplo, onde a situação é catastrófica – e a informação, mínima. A Pati Kalil escreveu sobre sua experiência em Moçambique e acho mais que pertinente citar isso aqui.

Este ano faz 20 anos que o mundo inteiro se une para tentar diminuir a epidemia. Segundo a contagem da OMS são 33 milhões de portadores no mundo inteiro. Em 88, quando começou o trabalho, eu era uma jovem de vinte e poucos. Sexo freqüente, camisinha quase nunca. Hábitos que mudaram – e para mudar, confesso, precisei me esforçar e ver muita coisa de perto demais. Muitos amigos morreram. Mais do que seria justo.

O que acho mais “interessante” sobre o vírus é a sua forma “inteligente” de transmissão. Entre humanos, sexo – que é bom e todo mundo gosta. A versão felina, por outro lado, usa a saliva para se replicar.

Enquanto os cientistas e laboratórios trabalham para “domar” o indomável – vírus são formas resistentes, antigas e resilientes – pouca humanidade tem acesso à triterapia que coloca o bicho para dormir, mas não acaba com a epidemia e menos com a transmissão. Não há esperança de vacina, nos avisa o relatório da AFP. Então a luta volta ao de sempre: prevenção.

Brasília – No Dia Mundial de Luta contra a Aids, jovem permanece dentro de uma bolha, na Praça dos Três Poderes, para chamar a atenção sobre a exclusão vivida pelos portadores do vírus HIV Foto: Antonio Cruz/ABr

Eu detesto publicar números. Primeiro porque há grande dificuldade de entender o significado disso – de toda forma, somos mais de meio milhão de pessoas soropositivas no Brasil. E, sim, o maior número de notificações está no Sudeste, mas isso não quer dizer nadica. Pode significar simplesmente que o povo da Amazônia não é testado.

Direto do boletim epidemiológico do MS:

Os dados do Boletim Epidemiológico Aids/DST 2008 mostram que, de 1980 a junho de 2008 (dados preliminares), foram registrados 506.499 casos de aids no Brasil. Durante esses anos, 205.409 mortes ocorreram em decorrência doença. A epidemia no país é considerada estável. A média de casos anual entre 2000 e 2006 é de 35.384. Em relação ao HIV, a estimativa é de que existam 630 mil pessoas infectadas.

Do acumulado, a região Sudeste é a que tem o maior percentual de notificações – 60,4% – ou seja, 305.725 casos. O Sul concentra 18,9% (95.552), o Nordeste 11,5% (58.348), o Centro-Oeste 5,7% (28.719) e o Norte 3,6% (18.155).

Há discreto aumento da taxa de incidência no Nordeste (o índice subiu de 6,9 para 10,6 de 2000 para 2006) e mais acentuado no Norte (de 6,8 para 14). Números a cada 100 mil habitantes.

A grande questão é que muita gente acha que não corre risco. Prova disso é o aumento da transmissão no grupo acima dos 50 anos – que está sexualmente mais ativo, ainda bem, mas não se cuida. O índice pulou de 7,5 casos por 100.000 habitantes em 1996 para 15,7 em 2006. O dobro. O trabalho do nosso Ministério da Saúde, inclusive é exemplar. Descobri, navegando pelo site, que eles estão criando, em parceira com os movimentos organizados da sociedade civil, um banco de dados sobre a violação dos direitos humanos dos portadores de HIV.

Sim, ainda há preconceito. Não, não é bacana nem agradável viver com o vírus. Prevenção na veia – e isso quer dizer camisinha sempre, sim.

Mais tarde atualizo este post com a galera que publicou sobre o assunto.

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Categorias:
Brasil, saúde, web/blogosfera

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